Para Eduardo Terra, presidente da SBVC, auxílio emergencial, avanço de reformas e projetos de infraestrutura poderão impulsionar setor no curto e médio prazos
Existem motivos para otimismo no varejo tanto para este segundo semestre quanto para 2021. A continuidade do auxílio emergencial para manter a economia nos próximos meses e os planos do governo de investir em infraestrutura nos próximos anos continuará a gerar empregos. Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o mês de julho foi superior às expectativas, com vendas surpreendentes. “Os números que virão nas próximas semanas mostrarão o tamanho da recuperação, mas existe hoje mais dinheiro na praça do que no início da pandemia”, afirma.
Em live realizada nesta segunda-feira, o presidente da SBVC disse que o auxílio emergencial tem tido um papel fundamental nesta crise. “O auxílio trouxe renda complementar para 47% dos lares brasileiros, a uma média de R$ 881 líquidos por lar. É isso que tem permitido que o varejo continue colhendo bons resultados, mesmo com níveis preocupantes de desemprego”, analisa.
Para Terra, o grande desafio do segundo semestre é “tirar a economia dos aparelhos”. “A economia real precisa voltar a funcionar sem o auxílio emergencial, que em algum momento deixará de ser disponibilizado”, diz. Segundo ele, isso depende do encerramento da pandemia, engatando com uma agenda de privatizações e investimentos. “Com tudo isso, pode ser que tenhamos perspectivas bem superiores na economia. “No lado da saúde ainda temos grandes problemas e uma situação bem difícil, mas na economia estamos em uma espiral positiva, que esperamos que persista no logo prazo”, afirma.
Segundo o presidente da SBVC, uma retomada sustentável da economia depende de um projeto que combine distribuição de renda, de forma responsável, com um projeto de médio e longo prazo que envolva investimentos em infraestrutura e educação. “Essa será a discussão no pós-pandemia, e passa pelo avanço das reformas necessárias para o país”, comenta.
Hora de crescer
Em todo momento de crise, há empresas que crescem e prosperam, enquanto outras têm problemas e desaparecem. “Isso depende muito de como a empresa adota o caminho da digitalização e como se posiciona frente às mudanças”, explica Terra. Nesta pandemia, o consumidor, que já era digital e usava intensamente o WhatsApp e as redes sociais, adotou o hábito de consumir online.
“Mesmo o varejo essencial, que manteve as lojas abertas, precisou acelerar sua digitalização, pelo medo de muitos consumidores em se exporem ao vírus. Isso gerou uma explosão de compras online, com quase 6 milhões de novos consumidores que nunca tinham comprado pelo e-commerce. Além disso, quem já estava online intensificou o volume de compras”, afirma.
Para ele, boa parte dos hábitos adquiridos durante a crise serão abandonados com o fim da pandemia. “Tudo o que está ligado à socialização deverá voltar a algo próximo do pré-crise, mas hábitos de comprar online permanecerão, pela facilidade e conveniência”, explica.
O grande legado da pandemia não é o surgimento de tendências novas, e sim a aceleração de fatores que já estavam presentes, como teletrabalho, home office e transformação digital. “A pandemia fez com que cinco anos acontecessem em cinco meses, literalmente”, comenta Terra.
Segundo o executivo, esse é um momento de grandes oportunidades, já que a digitalização abre a possibilidade de transformar as empresas. “A pandemia está sendo uma oportunidade para repensar a empresa inteira, mudando a cultura e os processos internos. Ainda há tempo para fazer isso, mas quanto antes, melhor”, completa.
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Fonte: Redação SBVC