Para Alberto Serrentino, coronavírus provocou choque cultural que acelera a transformação digital dos negócios de varejo. Por pior que a pandemia do coronavírus esteja sendo para as pessoas e para os negócios, ela vai deixar um legado positivo para o varejo: um choque cultural na maneira de se organizar, que acelera a transformação digital dos negócios, traz mais agilidade e muda o foco das empresas. “Para prosperar, a gestão tem que deixar de estar focada em rotinas e funções para se focar em dados e clientes. Esta crise tem acelerado essa mudança”, afirma Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Em live realizada na noite desta quarta-feira (20/05), Serrentino disse que o varejo, cada vez mais, assume uma postura de startup na condução de seus negócios. “As empresas descobriram que precisavam andar na velocidade das startups, com muita agilidade, simplicidade e desburocratização de processos. Se não fizessem isso, não conseguiriam lidar com as profundas mudanças que o coronavírus trouxe para os negócios”, afirma.
Segundo ele, essa foi uma mudança precipitada pela necessidade. “Quando uma empresa precisa passar toda a gestão e retaguarda para o home office em questão de dias, sem ter segurança, processos e governança preparados para isso, ela percebe que consegue fazer o que parecia ser impossível. Isso tem feito com que o varejo olhe para os problemas de forma diferente”, explica.
Cometa “erros saudáveis”
Realizar mudanças radicais como levar centenas ou milhares de colaboradores para um modelo de trabalho online em questão de dias, sem ter referências de como fazer isso, necessariamente exige um novo desenho organizacional. “Nesta crise, as empresas precisaram ficar mais horizontais, com processos decisórios rápidos e criação de grupos multidisciplinares que abordam os problemas de uma forma sistêmica. O varejo adotou os squads e passou a desenvolver usinas de ideias”, comenta Serrentino.
Um ponto importante é que as ideias desenvolvidas são muito pragmáticas, focadas em resolver problemas de curto prazo. “É uma mentalidade muito prática, disciplinada e de velocidade para enfrentar problemas concretos. Ao fazer isso, as pessoas se arriscam mais, se dispõem a experimentar e cometem ‘erros saudáveis’, que levam a empresa a aprender mais e a fazer mais pelo cliente”, explica o especialista. “E, como consequência, testam mais e inovam mais de maneira permanente”, completa.
Esse é um tipo de aprendizado que não será perdido quando esta crise passar. “Acabou a inércia. As empresas que vão sair bem deste momento são aquelas que não estão se limitando pelas dificuldades e estão encontrando soluções”, diz Serrentino. O setor de supermercados é um bom exemplo. Sendo o mais atrasado na transformação digital, está tirando rapidamente o atraso nesta crise. “Sozinhos ou junto com parceiros, os supermercados estão encontrando soluções para vender online e alcançar o público que não quer se arriscar a ir a uma loja física neste momento”, pondera.
Como a saída da crise será muito complexa, a velocidade na adoção de soluções e a colaboração com parceiros continuarão sendo muito importantes. “Teremos regulações de saúde distintas nos níveis federal, estadual e municipal. As empresas vão precisar de uma gestão semelhante à que têm hoje nas questões tributárias. Para lidar com essa complexidade, flexibilidade e agilidade serão muito importantes e isso vai consolidar essa nova cultura que está sendo criada durante a pandemia”, completa Serrentino.
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Fonte: Redação SBVC