Para Eduardo Terra, presidente da SBVC, aceleração dos negócios em meios digitais é caminho sem volta, mas não é preciso ser complexo
A saída da crise do coronavírus ainda é incerta , mas já é possível dar atenção à estratégia pós-pandemia. Um ponto já é certo: o varejo sairá deste momento muito mais digital, em um caminho sem volta. “O varejo precisa seguir o cliente onde ele estiver. E isso significa, hoje, desenvolver os meios digitais”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em live na tarde desta quarta-feira (22/04) no Instagram.
Para Terra, teremos ainda pelo menos de 20 a 30 dias desse período mais complexo, com restrições e incertezas. “Agora que as questões operacionais de curto prazo estão mais equalizadas, é hora de saber o que encontraremos lá na frente, quando sairmos dessa fase mais aguda”, comenta.
Segundo o presidente da SBVC, a crise do coronavírus trouxe três fenômenos ao mundo do e-commerce. O primeiro é a chegada de novos consumidores ao varejo online. “Gente que nunca comprou online está fazendo as primeiras compras, em todas as idades e todas as regiões do País”, diz Terra. O segundo é o aumento da frequência de compras online. “Para muitos, o online já era parte da jornada de compras e, com o fechamento de grande parte do varejo físico, quem já fazia uma jornada híbrida faz ainda mais coisas online”, explica.
O terceiro fenômeno é o ganho de força de categorias que até então eram quase nada digitais, como supermercados, farmácias e materiais de construção. “Temos visto nessas categorias um crescimento exponencial do e-commerce, mesmo se tratando de setores essenciais. Boa parte dos consumidores passou a preferir compras online nesse período e isso vai trazer um grande aumento de penetração do e-commerce, que hoje ainda é baixa”, diz Terra. Análises da SBVC mostram que o e-commerce corresponde a 4,5% das vendas totais do setor, um indicador bem abaixo dos Estados Unidos (12%), Reino Unido (18%) e China (30%).
Hora de transformar o negócio
Nesse período em que o digital é o único canal de contato com o cliente, é preciso olhar para as oportunidades de transformação de negócios e modelos de atuação. Para Terra, esse movimento independe do porte da empresa. “Mesmo quem é muito pequeno e não tem tempo ou recursos para montar uma loja online pode digitalizar os 50 produtos mais vendidos e contatar os clientes por WhatsApp e redes sociais, com pagamento por meios de pagamento digitais”, analisa o presidente da SBVC. “A migração para o digital não precisa necessariamente ser algo complexo. Na realidade, pode ser muito simples. O importante é que seja funcional”, completa.
Nada impede também que o varejista reforce sua presença nos marketplaces ou transforme os vendedores em revendedores digitais. “Os canais digitais estão bombando e, por isso, a migração para o digital é essencial”, diz.
Para ele, porém, previsões de uma mudança radical no comportamento dos consumidores pós-crise são exageradas. “Normalmente, a discussão do ‘novo normal’ tende a ser exagerada quando estamos no alto da crise. Sem dúvida haverá uma maior preocupação com a saúde e o digital vai acelerar. Mas o ser humano é um ser social, que deseja estar próximo de outras pessoas. Haverá mudanças, mas o que estamos vendo hoje em dia é um momento de exceção, e não a nova regra de comportamento dos clientes”, acredita Terra.
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Fonte: Redação SBVC