Eduardo Terra, presidente da SBVC, elenca cinco pontos que o varejo precisa entender para repensar seu negócio no pós-crise
O Brasil ainda vive a pandemia do coronavírus, mas vem retornando aos poucos a uma certa normalidade nos negócios. Isso permite olhar para o futuro e identificar como será o varejo pós-Covid. Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), esse futuro depende de ter foco no cliente, agir com velocidade, ser adaptável, saber errar e ter lideranças que incentivem o desenvolvimento de uma cultura digital.
Em live realizada na abertura do 9º Circuito de Negócios da ConstruSete, Terra identificou os pontos mais relevantes para que o varejo saia desta crise em uma posição favorável. “O que veio para ficar com o Covid? A digitalização dos negócios, que já existia, mas foi acelerada com a pandemia. Coisas que levariam anos para acontecer foram colocadas no ar em questão de semanas, e isso cria um novo jeito de fazer varejo”, comenta.
Por outro lado, tudo o que diz respeito à socialização das pessoas voltará, assim que possível, ao pré-crise. “O ser humano gosta e deseja interagir. Assim que a preocupação com o vírus diminuir, as pessoas voltarão às ruas, aos bares, restaurantes e outros lugares onde exista oportunidade de socialização, pois é da nossa natureza”, acredita.
Isso não significa que as empresas, em qualquer setor do varejo, não precisem repensar seus negócios. “A digitalização do varejo mostra que não existe mais espaço para aquela loja reativa, que espera o cliente aparecer para então interagir. A jornada de compra começa no digital e quem não vai atrás do cliente perde espaço”, afirma. Dessa forma, é preciso aproveitar o momento para recriar os negócios.
Cinco pontos para repensar sua operação de varejo
Na opinião do presidente da SBVC, esse repensar do varejo no pós-Covid está baseado em cinco pontos. São eles:
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Customer centricity
É preciso colocar de vez o cliente no centro da estratégia de negócios. É algo que se fala há bastante tempo, mas agora não é mais possível adiar. “Colocar o cliente no centro parece algo simples, mas não é, porque exige uma completa mudança cultural”, afirma Terra. Além disso, é preciso levar em conta os diferentes tipos de clientes. “Em materiais de construção, por exemplo, existe todo um ecossistema de clientes, com o consumidor final, o profissional e o especificador. Assim, é preciso conhecer muito bem o seu público para ser relevante para ele”, recomenda.
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Seja rápido
Velocidade é fundamental para acompanhar o ritmo de evolução dos negócios. “Não dá para esperar as coisas acontecerem e tudo ficar claro: é preciso correr para acompanhar os movimentos dos consumidores”, explica o executivo. “Quem espera o cenário se consolidar fica rapidamente para trás. O varejo precisa ser flexível para lidar com as incertezas”, diz.
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Prepare a liderança
Os líderes do varejo não estão prontos para a realidade digital. “Um estudo do MIT mostra que somente 10% dos gestores acreditam estar preparados para os desafios do mercado. O que trouxe a gente até aqui não irá nos levar adiante e é necessário preparar a empresa, começando pelos líderes”, decreta Terra.
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O fracasso é irmão da inovação
Na reinvenção dos negócios, erros vão acontecer. Com bastante frequência. Afinal, só inova quem experimenta fazer algo diferente, e ao fazer diferente, é inevitável que erre até aprender qual é o caminho correto. “O importante é corrigir rápido quando errar, para então seguir em frente, sempre acompanhando o que é importante para o cliente”, explica o presidente da SBVC.
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Seja capaz de se adaptar
A referência é Charles Darwin: em períodos de grandes transformações, quem sobrevive é o que se adapta melhor, não o maior, mais forte ou mais rápido. “Nunca vivemos um período de tamanhas mudanças. As empresas só vão conseguir sobreviver se souberem se adaptar às transformações, e isso só acontece com uma liderança capacitada, processos ágeis e foco no consumidor”, analisa.
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Fonte: Redação SBVC