Empresa abriu em setembro fábrica de massas em Fortaleza e investe R$ 10 milhões em canais digitais
Por Raquel Brandão
Depois de as negociações com a BK Brasil, que opera as redes Burger King e Popeyes no país, não vingarem no ano passado, a rede de pizzarias Domino’s olha para dentro para acelerar a expansão neste ano. A projeção é de que 35 novas lojas sejam abertas em 2022, com crescimento especialmente na região Nordeste e com atração de novas franquias.
A estratégia vem em consonância com o investimento mais recente: em setembro, a rede inaugurou sua segunda fábrica de massas no Brasil, na cidade de Fortaleza. Outro foco é aumentar ainda mais a força das vendas digitais, que devem receber aportes de R$ 10 milhões neste ano. Entre os projetos está o clube de assinatura, a ser lançado ainda no primeiro semestre.
“O último trimestre foi recorde de vendas. Agora, o primeiro trimestre também começou bastante positivo, apesar da maior preocupação de todo o setor com a inflação”, diz Fernando Soares, presidente da Domino’s Brasil.
A operação brasileira é a quinta maior da bandeira em países emergentes e o grupo americano vê potencial para a existência de mil lojas, bem acima das atuais 327 unidades, das quais 217 são franquias. No mundo, a Domino’s tem mais de 18 mil lojas.
“O potencial de crescimento do setor caiu depois da pandemia. Conseguimos ir bem pela nossa exposição maior do delivery”, diz, reforçando o plano de chegar a 600 lojas nos próximos anos, mas em “novos formatos”: com lojas menores e ainda mais foco na qualidade e no tempo de entrega.
A empresa não abre os números de 2021, mas diz que as vendas cresceram mais de 12% no ano. Um ano antes, o faturamento havia sido de R$ 455 milhões. Ainda assim, Soares destaca que a receita da empresa hoje vai além das 700 mil a 800 mil pizzas vendidas mensalmente no país. “Nossa companhia está estruturada em outras verticais e cada área tem uma geração de receita, como a área de franqueadora, distribuidora, de engenharia e de tecnologia. Quando você olha sob essa perspectiva, a companhia pós-pandemia dobrou de tamanho.” A empresa negocia com fornecedores e depois entrega os ingredientes às unidades, o que dá maior poder de barganha para controlar os custos.
Nas prioridades do executivo está o crescimento orgânico. Ele revela, porém, que o assédio para possíveis negócios aumentou desde que a BK Brasil e a gestora Vinci Partners, dona da DP Brasil, que é a master franqueada da Domino’s no país, anunciaram o fim do acordo de aquisição em outubro.
Pelo arranjo, a Vinci ficaria com 16,4% das ações da BK Brasil, mas a deterioração das ações meses depois pesou sobre o negócio. A empresa, no entanto, ainda tem o direito de exercer preferência, até julho, em uma eventual nova negociação de compra.
“O não acontecimento foi super amigável. Foi uma situação momentânea de economia e ficaram portas abertas. Mas tem bastante aproximação de outros players. Não necessariamente de uma fusão completa, mas mais de ‘será que consigo estar com você naquela ponta?’ Estamos chamando muita atenção do mercado”, diz. Procurada, a BK Brasil não quis comentar.
Em 2020, as vendas das pizzarias de “serviços limitados” – como é chamado esse tipo de restaurantes de autoatendimento e delivery – caíram 27%, mas voltaram a subir 24,8% no ano passado, somando R$ 3, 48 bilhões, diz a Euromonitor. Embora a categoria ainda esteja abaixo do período pré-pandemia, o objetivo da Domino’s é surfar a perspectiva de alta de 8,2% para 2022. Em um setor extremamente pulverizado, conta com a vantagem numérica: é dona de 17,3% do mercado, seguida de Pizza Hut, com 7%, e Patroni, com 6%.
Para isso, o foco está no domínio e análise dos dados dos mais diversos canais de distribuição, como aplicativo, site, WhatsApp e telefone, cujo atendimento foi transferido em 2021 para uma central e os processos digitalizados – segundo o executivo, o tíquete médio cresceu 30%. Hoje, 65% dos pedidos nascem nos canais digitais, mas a ambição é superar 72% ainda em 2022.
Fonte: Valor Econômico