O plano da Magalu Games é continuar com este modelo de parceria, investindo nas startups com dinheiro, mas também através de sinergias com outras marcas do grupo
Por Leandro Miguel Souza
Há tempos em uma cruzada de expandir seu leque de produtos digitais além do e-commerce – e amargando a desconfiança dos investidores e uma forte queda no valor de suas ações -, o Magazine Luiza anunciou hoje a sua mais nova cartada: agora o grupo tem uma publisher de jogos eletrônicos, a Magalu Games, e vai investir em estúdios para o desenvolvimento de jogos mobile e para outros dispositivos.
“Não entramos neste ramo para uma corrida de 400 metros. Vemos como um projeto de longo prazo”, avisou logo de largada Thiago Catoto, conhecido pelo apelido de Jesus e diretor do Luizalabs, área de tecnologia da varejista. “Queremos pontencializar os estúdios locais utilizando a rede do grupo Magalu“, afirma o executivo.
Apesar da carta de intenções ambiciosa, o primeiro passo da publisher – pra quem não sabe, uma publisher é quem lança e distribui os jogos dos estúdios – é mais modesto. A Magalu Games entra no mercado com três jogos mobile (iOS e Android), oferecidos no formato freemium e que trazem conceitos simples para um público mais abrangente.
“Começamos com jogos do gênero hypercasuais, projetos com um tempo de desenvolvimento menor e que podem ser levados ao mercado mais rapidamente”, explica Thiago. Os três games são Orbits Conqueror, da Bragi Estúdios (BA); Speed Box, da Yellow Panda (SC); e Death Trap Nite, da Luski Game Studios (SP). Os três projetos receberam investimentos da publisher, através de um edital aberto pela Magalu no ano passado, em parceria com o Big Festival, tradicional evento nacional de games independentes.
“Os estúdios receberam o valor previsto no edital (R$ 300 mil), mas outros investimentos foram realizados ao longo do tempo de desenvolvimento”, afirmou o diretor do Luizalabs, sem dar maiores detalhes.
O plano da Magalu Games é continuar com este modelo de parceria, investindo nas startups com dinheiro, mas também através de sinergias com outras marcas do grupo. Alguns exemplos dados por Thiago foi o de fornecimento de crédito por meio da Fintech Magalu, assim como a venda facilitada de equipamentos de alta performance – algo essencial para os estúdios – pelo Kabum, e-commerce de informática adquirido pelo grupo no ano passado.
Como a Magalu quer faturar
O cenário de jogos eletrônicos no Brasil é uma mina de ouro e a Magalu sabe disso. O país é o maior mercado de games da América Latina e 12º do mundo, com uma receita estimada de R$ 11 bilhões em 2021 e um crescimento de 6% previsto para 2022, segundo a consultoria Newzoo. Em termos de usuários, estamos falando de aproximadamente 85 milhões de pessoas.
Olhando para os estúdios de desenvolvimento de games, o Brasil também não manda mal. Diversos estúdios independentes de renome estão no país, desde alguns que já lançaram jogos de sucesso internacional – a gaúcha Aquiris (Horizon Chase) e o paulista Pulsatrix (Fobia) são dois – até outros que desenvolvem adgames sob encomenda para marcas de todo o mundo, por exemplo.
A proposta da Magalu lembra movimentos recentes de outra grandona do varejo – no caso uma gigante mundial: a Amazon lançou uma publisher em 2014 e criou depois seu estúdio de jogos eletrônicos. No ano passado, a Amazon Games teve um grande hit para PC, o RPG New World. Quem também está nesse jogo há um bom tempo, mas principalmente no meio mobile, é a gigante chinesa Alibaba.
O plano inicial da Magalu está no mobile, um mercado menos complicado de lançar produtos digitais e com maior potencial de monetização. “Começamos com games freemium, que podemos monetizar com ads, compras dentro do app e outras integrações com produtos do grupo”, explica Thiago, mas as ideias não param por aí.
A publisher tem na sua visão o lançamento de jogos mais elaborados e para plataformas onde estão os gamers mais “hardcore”, como é o caso de PC e consoles, adotando uma postura de revenue share mais parecida com publishers tradicionais, faturando sobre a venda dos títulos. Mesmo assim, Jesus aponta outras sinergias com o ecossistema Magalu, especialmente via suas marcas de conteúdo, como o site Jovem Nerd e Canaltech, voltadas a um público que consome games.
“O modelo para projetos de longo prazo, de PC e console, não tem tanto a característica do freemium. Vai ser algo que vai ser desenvolvido a medida que for desenvolvendo estes outros projetos”, aponta o executivo. Além disso, a empresa está começando a criação de um estúdio de games próprio, mas não deu data de quando deve sair o primeiro game 100% Magalu.
Perguntada sobre a esteira de jogos para o médio e longo prazo, a Magalu Games também não deu muitas informações, mas afirmou que deve lançar novos jogos já nos próximos meses. “Vamos primeiro colher os dados do que está acontecendo agora e depois pensar os próximos passos”, finalizou Thiago.
Fonte: Startup