Conhecida no mercado por seu foco em óculos de sol, a Chilli Beans decidiu diversificar o negócio e criou uma rede voltada ao mercado de prescrição. A companhia, terceira maior rede óptica do país com 879 lojas, planeja chegar a 1,3 mil unidades em cinco anos. Das 421 lojas de franquia que prevê abrir, 400 serão da nova rede, chamada Ótica Chilli Beans.
Caito Maia, fundador e presidente da Chilli Beans, planeja inaugurar este ano 21 lojas, sendo 10 no novo conceito. “Três serão inauguradas até o fim do mês.”
De acordo com Maia, as vendas de óculos de grau representaram 19% das vendas da Chilli Beans em 2018. “Isso sem contar os clientes que compraram óculos de sol, tiraram a lente e pagaram para colocar a lente de grau incolor, porque gostam dos nossos modelos e não veem algo similar nas outras óticas [de prescrição]”, afirma.
Maia acrescenta que o mercado de prescrição é três vezes maior que o de óculos de sol e tem desempenho mais forte. Isso porque os consumidores com menos renda disponível adiaram a troca de óculos e optaram apenas pela substituição das lentes. “Hoje já estamos em todos os shoppings centers do país com a Chilli Beans vermelha [focada em óculos de sol]. Não há muito onde abrir novas unidades.”
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), as vendas do setor caíram 2,1% em 2018, para R$ 20,6 bilhões. O único segmento que cresceu foi o de lentes oftálmicas, com alta de 6,7%. As vendas de armações para óculos de grau recuaram 0,3%. O segmento de óculos de sol, por sua vez, encolheu 4%. Para este ano, a Abióptica projeta crescimento no setor óptico de 8% a 10%. No primeiro trimestre do ano, as vendas aumentaram 3,7%.
O empresário estima que com a abertura das óticas de prescrição, as vendas de óculos de grau da Chilli Beans vão passar de R$ 122 milhões em 2018 para R$ 180 milhões neste ano. Em quatro anos, a meta é atingir vendas anuais de R$ 250 milhões com a nova rede.
Na Chilli Beans, diz Maia, as vendas totais cresceram 10% no acumulado de janeiro a maio, em comparação com o mesmo intervalo de 2018. Já as vendas de óculos de grau cresceram 23%. “A expectativa para o ano é manter esse ritmo”, afirma.
Enquanto o mercado de óticas encolheu no ano passado, a rede da Chilli Beans fechou o ano com um faturamento de R$ 650 milhões, estável em relação a 2017. “No ano passado o mercado estava mais difícil. A opção foi manter os preços estáveis para garantir o volume de vendas”, afirmou Maia.
De acordo com a Euromonitor International, a Chilli Beans é a terceira maior rede de óticas no país em receita. Ela perde para a Luxottica, dona da Óticas Carol, com receita de R$ 877 milhões em 2018, e para a Óticas Diniz, com receita de R$ 847 milhões. Em número de lojas, a Chilli Beans também ocupa a terceira posição, com 879 unidades, atrás de Óticas Carol, com 1,2 mil, e Óticas Diniz, com 1 mil.
A rede da Chilli Beans vende as armações de óculos a um preço médio de R$ 240, abaixo do valor médio praticado pelo mercado, de R$ 400 a unidade. Maia disse que, na nova rede, vai vender as armações a preços entre R$ 149 e R$ 300. O diferencial, segundo o empresário, será a oferta ampla de armações 2 em 1, que permitem acoplar as lentes de sol nos óculos de grau.
A Chilli Beans possui uma equipe que desenvolve os modelos de armação, mas a fabricação é terceirizada. Da oferta total de armações, 85% são importadas de países asiáticos. O restante é fabricado no Brasil. Maia disse que não consegue aumentar a produção local porque as indústrias não têm estrutura para ampliar a fabricação.
“Por enquanto, estamos segurando os preços, sem repassar a alta do dólar, mas há um limite para essa estratégia”, afirmou o empresário. Ele disse que espera uma recuperação na economia ainda neste ano, com impacto positivo no varejo óptico.
No exterior, a Chilli Beans opera cem lojas em Portugal, Estados Unidos, Bolívia, Colômbia, Peru, Chile, México, Kuwait e Tailândia. Maia disse que a empresa avalia abrir algumas unidades no Oriente Médio neste ano.
Fonte: Valor Econômico