Pouco antes de precisar entregar à Justiça um plano de recuperação para evitar a falência, a BR Pharma — uma das maiores redes de farmácias do país — é alvo de outra disputa judicial. A atual controladora da empresa, a Lyon Capital, do empresário Paulo Remy, quer devolver o negócio ao BTG Pactual, banco que fundou o grupo e que vendeu a companhia para a Lyon pelo valor simbólico de R$ 1 mil. O BTG, porém, diz que não quer assumir de novo o negócio. As informações são do jornal Valor Econômico.
Na sexta-feira (6), a Lyon Capital divulgou um fato relevante afirmando, em outras palavras, que quer devolver a BR Pharma para a PPLA Participations, braço de investimento do BTG Pactual. A justificativa para isso seria o fato de a PPLA ter declarado o vencimento antecipado das dívidas que o grupo de rede de farmácias tem com o banco. O BTG, por meio da PPLA, é o maior credor individual da BR Pharma, com quase R$ 1 bilhão a receber.
Como a BR Pharma não tem como arcar com o pagamento das dívidas imediatamente e como os créditos são garantidos por alienação fiduciária, a Lyon alega que vai transferir, como manda a alienação fiduciária, os ativos do grupo e as ações da companhia ao credor, no caso o braço de investimento do BTG Pactual. O banco, porém, segundo apurou o Valor, vai se manifestar contrário a esse movimento.
A expectativa é que, como isso tudo está ocorrendo dentro do processo de recuperação judicial, o juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, que cuida do caso, se manifeste. A BR Pharma também tem até esta terça-feira (10) para apresentar à Justiça um plano para pagar suas dívidas e recuperar seu negócio.
Mais lojas fechadas
Em meio à disputa entre acionista e credor, a BR Pharma segue suspendendo o funcionamento de lojas. O grupo informou na sexta-feira (6) que suspendeu as atividades de 56 farmácias na Bahia e sete no Pará, referentes as bandeiras Sant’Ana e Big Ben, respectivamente. Essas unidades permanecem fechadas até que a companhia finalize seu processo de recuperação judicial. Em fevereiro, a BR Pharma já havia suspendido o funcionamento de 217 lojas das mesmas bandeiras nos estados da Bahia, do Pará e em Pernambuco.
Com isso, a BR Pharma deve ter ficado com menos dez unidades próprias funcionando. Segundo a petição inicial divulgada pela companhia em janeiro, quando entrou com pedido de recuperação judicial, o grupo tinha 288 lojas próprias das bandeiras Sant’Ana e Big Ben. Além disso, a companhia é dona da bandeira Farmais, rede de franquias com 433 unidades na época do pedido de recuperação judicial.
A BR Pharma entrou em recuperação judicial após acumular dívidas de R$ 1,2 bilhão com mais de 15 mil credores. É o sexto maior grupo farmacêutico do país em faturamento e tinha cerca de 4,5 mil funcionários.
Fonte: Gazeta do Povo