Acaba de ser lançado na Europa e Estados Unidos pela E–commerce Foundation um relatório completo sobre o comércio eletrônico brasileiro. O estudo contou com a participação da rede de afiliação Awin e compilou dados de entidades, como Ebit e a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), sobre o mercado nacional. O estudo elencou os segmentos mais promissores e também os desafios e gargalos do e–commerce brasileiro. Um número que chama atenção se refere ao mobile commerce, que deve registrar aumento de 32% no acumulado de 2017 (Ebit).
Para o Country Manager da Awin no Brasil, Rodrigo Genoveze, o hábito de comprar através dos dispositivos móveis tem sido difundido para todo o país por conta dos avanços tecnológicos estruturais, sobretudo para aqueles locais mais remotos e que, historicamente, não contavam com serviços de internet banda larga. Outro aspecto que posiciona o Brasil como um país promissor para o m-commerce é a enorme fatia de mercado ainda inexplorada. “Apenas 54% da população têm acesso à internet e, em 2016, 47 milhões de novos consumidores foram incorporados a este mercado no Brasil”, diz.
De acordo com Genoveze, as áreas menos exploradas e que apresentam, portanto, as melhores oportunidades para o e–commerce são aquelas relacionadas aos serviços financeiros e detelefonia. “Existe um enorme potencial inexplorado para startups europeias e norte-americanas nestes dois segmentos”, fala. O executivo também dá exemplo de duas companhias que souberam utilizar com maestria nichos ainda pouco utilizados, e que podem servir como exemplo para as fintechs e empresas de telecom, já que conseguiram criar um novo e imenso mercado consumidor para comercializar bens e serviços.
“Groupon e Dafiti, por exemplo, reforçaram no brasileiro a crença de que é seguro comprar online. Esta confiança aliada a um marketing digital feito no Brasil de maneira tão sofisticada quanto o que é praticado na Europa e nos Estados Unidos, culminou em um retorno do investimento (ROI) muito mais atraente para novos consumidores e afiliados”, comenta.
No entanto, para Genoveze, ainda há desafios e a questão tributária ainda é um impedimento ao progresso neste setor. “As regulamentações governamentais e os altos impostos praticamente inviabilizam a compra de produtos do exterior. Em alguns produtos, quando selecionados através da alfândega, o imposto atinge 100% do valor do produto. Outra dificuldade é a burocracia na logística enfrentada após a chegada aduaneira. Esse tipo de política protecionista limita que o mercado brasileiro consiga se posicionar em termos de concorrência global”, conclui.
Para Maurício Salvador, presidente da ABComm, a crise política e econômica que afetou praticamente todos os setores da economia nacional, não influenciou tão negativamente o comércio eletrônico, principalmente por conta da percepção já introjetada no consumidor que comprar online é mais barato que comprar no varejo físico. “É expressivo o número de novos consumidores, já que dos 110 milhões de usuários de internet no Brasil, em 2016, foram concluídas apenas 38 milhões de compras, uma penetração de apenas 35%, número que indica, novamente, um enorme potencial de crescimento. Agora que a crise dá mostras de estar perto do fim, os números estão ainda mais promissores: a projeção é que o e–commerce nacional cresça 12% neste ano, angariando 3 milhões de novos consumidores”, diz.
Fonte: Startupi