Por Redação | Com novas modalidades de golpes e fraudes surgindo todos os dias, o setor varejista é constantemente desafiado a manter altos padrões de transparência em suas operações. Felizmente, a blockchain tem emergido como uma ferramenta revolucionária, capaz de aprimorar significativamente a transparência e a confiança no varejo.
Essa tecnologia não se limita apenas a criptomoedas, mas oferece soluções inovadoras para várias indústrias, e o varejo não é exceção. Segundo o advogado especialista em Segurança e Compliance Digital, José Antonio Milagre, as aplicações com base em blockchains têm proporcionado inovações no varejo, incluindo rastreio de mercadorias, combate à pirataria, fraudes e problemas logísticos.
“Também já vemos iniciativas ligados à antifraude, a partir da criação de tokens específicos do negócio, aumentando-se a segurança das transações ou mesmo engajamento, com a aceitação das criptos mais populares”, afirma o advogado, que é presidente da Comissão de Direito Digital da OAB Barueri/SP e diretor da CyberExperts.
Blockchain inspira segurança
A blockchain é uma estrutura de dados distribuída e imutável, composta por blocos de informações interligados por criptografia. Essa tecnologia permite o registro e a verificação segura de transações, criando um registro permanente e transparente de informações que são compartilhadas e mantidas por uma rede descentralizada de participantes. Por natureza, sua estrutura torna qualquer tipo de tentativa de fraude impossível.
Em comparação a outros métodos de registro e rastreamento de transações no varejo, a blockchain pode ter características de imutabilidade, servindo como um grande livro razão das transações, que são públicas e podem ser verificadas a qualquer momento. Neste contexto, assegura maior rastreabilidade e transparência às transações realizadas.
José Antonio Milagre, cita como exemplo a rede Carrefour que, de acordo com o advogado, usou a blockchain para rastrear a cadeia de suprimentos e parte de seus produtos, sendo que os clientes podem escanear um QR code na embalagem do produto e acessar informações sobre a origem do produto o processo de criação e dados e informações sobre o transporte até as prateleiras.
“O Brasil é um dos países mais interessados em criptoativos do mundo e, de certo modo, temos muitas pessoas interessadas no potencial da tecnologia. A tecnologia, se bem utilizada, pode ser uma camada de segurança em transações online, registrando em tempo real transações com seus metadados”, diz o especialista.
Segurança de dados e produtos rastreados
Para o varejo, a blockchain é uma grande aliada na manutenção da segurança das informações dos clientes e sua utilização pode ser usada para agregar valor na relação com o consumidor. “As empresas certamente terão mais segurança na guarda de dados de clientes, respeitando a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados – e ao mesmo tempo um poderoso aliado no combate à pirataria e falsificações, onde cada consumidor poderá consultar na blockchain a procedência de um produto, exibindo todos os metadados, por meio de contratos inteligentes”, explica Jose Antonio Milagre.
Segundo o especialista em Segurança e Compliance Digital, não existe regulação específica para uso da blockchain no Brasil. A Lei 14.478/22 regulamenta os criptoativos, mas não é específica sobre o uso de blockchains para aplicações, portando, valem as regras gerais e os princípios básicos de segurança digital.
“Tudo é muito novo e penso que ainda levará um certo tempo até todos terem a exata dimensão dos benefícios das aplicações com base em blockchain”, diz o advogado, que acredita em um novo momento do varejo no futuro com a utilização da tecnologia.
“Devemos ter uma nova era ligada à rastreabilidade de produtos, à prevenção de fraudes e à garantia de autenticidade. Teremos um padrão elevado de transparência no setor e a simplificação de processos, com redução de custos e melhoria das operações”, prevê.
Fonte: Consumidor Moderno