29-12-2015 18h16
Confira os principais destaques de ações da Bovespa no pregão desta terça-feira
SÃO PAULO – O humor do mercado azedou na tarde desta terça-feira (29), com o Ibovespa zerando os ganhos registrados mais cedo, pressionado pela virada das ações da Petrobras, que caíram mesmo com a alta de mais de 3% do preço do petróleo no mercado internacional, além dos bancos, que intensificaram a queda no final da sessão. As ações da Vale também mostraram forte volatilidade em dia de sessão de fraco volume financeiro, mas conseguiram encerrar no positivo depois de queda nesta manhã.
Na ponta positiva do Ibovespa, o destaque ficou novamente para ações das varejistas. Apesar dos ganhos, não aparecia nenhuma notícia no radar que justificasse o movimento, disseram analistas, que atribuíram essas “distorções” à fraca liquidez registrada no mercado nesses últimos pregões do ano.
No índice, chamou atenção as ações da Lojas Renner e Lojas Americanas, enquanto fora dele, os papéis da Magazine Luiza seguiram no holofote. Essa é a 4ª alta seguida do papel (+70%), sendo que subiu em 7 dos últimos 9 pregões (+120%). Por outro lado, Le Lis Blanc, que disparou 21,55% na véspera, perdeu força na última hora de pregão e virou para forte queda.
Os papéis da Embraer também ganharam força nesta tarde com a virada do dólar, que subiu 0,4% após queda de 2,3% ontem, influenciado pelo exterior e com investidores preparando terreno para disputa, amanhã, da última Ptax do ano, que vai balizar o fechamento de balanços. Outras exportadoras, como as empresas de papel e celulose Fibria e Suzano, no entanto, não seguiram o movimento positivo e fecharam em queda.
Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:
Petrobras (PETR3, R$ 8,57, -0,46%; PETR4, R$ 6,69, -0,15%)
As ações da Petrobras perderam força, contrariando os preços do petróleo no mercado internacional, que intensificaram os ganhos nesta tarde. Ontem, a estatal concluiu a venda de 49% da Gaspetro, com o pagamento de R$ 1,93 bilhão pela Mitsui-Gás. Com a venda, a companhia atingiu a meta de desinvestimentos do ano de US$ 700 milhões. Para o ano que vem, a Petrobras espera vender US$ 14,4 bilhões em ativos, atingindo o montante de US$ 15,1 bilhões no biênio. A recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional hoje também contribui para a alta das ações hoje. O petróleo brent – contrato usado como referência pela Petrobras – subia 2,81%, a US$ 37,65 o barril. Ontem, ele registrou queda de 3,35%.
Em nota a clientes, a XP Investimentos comentou que a informação da venda da Gaspetro já era esperada pelo mercado e muito pouco para uma companhia que pretende se desfazer de US$ 15 bilhões de ativos até 2016, ainda mais com o preço do petróleo renovando a mínima quase que diariamente.
Vale (VALE3, R$ 12,72, +0,63%; VALE5, R$ 10,12, +0,30%)
As ações da Vale viraram para alta no meio do pregão tentando ofuscar preocupações sobre trajetória dos preços dos metais no ano que vem. Apesar do temor, hoje o minério de ferro registrou alta de 2,2% no mercado à vista chinês e foi a US$ 41,40 a tonelada, de acordo com dados do The Steel Index. O valor segue a referência do insumo com teor de concentração de 62% negociado no porto de Tianjin, na China. As ações da Bradespar (BRAP4, R$ 4,93, +0,41%), holding que detém participação na Vale, também ganhavam força e subiam.
Os papéis da Vale também são influenciados pela notícia de que o escritório americano Marc S. Henzel estuda abrir uma ação contra a mineradora pelo desastre envolvendo o rompimento da barragem Fundão, da Samarco, em Mariana (MG).
Oi (OIBR4, R$ 2,02, +0,50%)
As ações da Oi amenizaram os ganhos registrados nesta manhã, mas ainda seguiram o movimento positivo da véspera em meio a rumor de que a operadora poderá apresentar proposta à Telecom Italia no começo do ano que vem para realizar a fusão com a TIM Brasil, com apoio do fundo russo LetterOne, segundo informações de ontem do Valor.
A reportagem diz que o conselho de administração da Oi vai aprovar a contratação de uma instituição financeira para atuar junto com o BTG Pactual na assessoria financeira para a operação com a Telecom Italia e o fundo russo LetterOne na compra da TIM Brasil. Paralelamente, a companhia vai buscar empréstimos em meio à sua corrida financeira, com vencimentos de R$ 11,4 bi previstos para 2016.
Ainda ontem o conselho de administração da companhia aprovou, com ressalvas, a proposta do fundo russo de fazer aporte de até US$ 4 bilhões (cerca de R$ 15,6 bilhões) na Oi com o objetivo de possibilitar a fusão com a TIM. Segundo fonte que pediu anonimato disse ao jornal O Globo, foram pedidas mudanças quanto ao tempo de conclusão da oferta de fusão e às garantias.
Fibria (FIBR3, R$ 50,41, -1,64%)
As ações da Fibria seguiram o movimento das demais do setor de papel e celulose – Suzano (SUZB5, R$ 18,21, -1,46%) e Klabin (KLBN11, R$ 22,87, -0,09%) – e caíram, apesar da virada para alta do dólar nesta tarde. No radar da companhia, a Fibria e Votorantim Industrial fecharam acordo com imóveis rurais.
A operação prevê a venda pela Fibria para a Votorantim Industrial de imóveis rurais, totalizando área de 5.014,97 hectares por R$ 171,7 milhões, segundo comunicado da Fibria enviado à CVM. Como parte do negócio, a Votorantim Industrial venderá à Fibria outros imóveis com área total de 33.993,95 hectares por R$ 451,7 milhões. A transação ocorre entre partes relacionadas, já que a Votorantim Industrial detém 29,42% do capital social total da Fibria Celulose.
Restoque e Magazine Luiza
Restoque e Magazine Luiza, ambas “small caps” do setor de varejo que vinham chamando atenção após forte alta na véspera de cerca de 20% e 40%, respectivamente, mostraram direções opostas hoje.
A Restoque (LLIS3, R$ 2,03, -7,73%), dona das marcas Le Lis Blanc e John John, que até chegaram a subir 23,6% na máxima desta sessão, perderam força na última hora de pregão e viraram para queda. Por sua vez, as ações da Magazine Luiza (MGLU3, R$ 17,95, +10,80%) seguiram o mesmo otimismo, depois de subir 37,29% somente ontem. Com a alta, o papel marca seu 4° pregão seguido (+70%) de alta, sendo que subiu em 7 dos últimos 9 pregões (+120%).
Ontem, analistas comentaram que a falta de liquidez na Bovespa nesses últimos pregões do ano acabam ajudando a gerar essas distorções em algumas ações. No radar da Magazine Luiza, apenas o comunicado do dia 15 de dezembro – que coincide com o início da arrancada das ações – sobre a renovação do acordo de aliança estratégica com BNP Paribas Cardif e com a Luizaseg Seguros. Pela renovação, a companhia recebeu R$ 330 milhões no dia 21 de dezembro.
Um dia após o anúncio o Deustche Bank reiterou compra das ações da varejista, mas cortou o preço-alvo em 17%, para R$ 49,00, incorporando, além da renovação, os resultados do 3° trimestre. Apesar do caminho desafiador para o setor, os analistas ressaltaram que seguem confiantes de que a companhia está seguindo o caminho certo para promover uma gradual desavancagem. A substancial deterioração macroeconômica, no entanto, fez com que eles cortassem a projeção de venda do segmento “mesmas lojas” da empresa em para retração de 5% em 2016, ante expectativa de estabilidade.
Lojas Americanas e Lojas Renner
Embora com um movimento mais ameno, outras varejistas de maior porte na Bovespa também chamaram atenção por conta da forte alta: Lojas Renner (LREN3, R$ 17,34, +2,18%) e Lojas Americanas (LAME4, R$ 19,86, +4,53%), que ocuparam hoje as maiores altas do Ibovespa.
Nesta terça, o BTG Pactual reiterou as ações das duas varejistas como suas top picks do setor, uma vez que elas apresentaram números melhores que o mercado. Os analistas do banco falaram ontem com as empresas e revisaram o guidance do segmento “mesmas lojas” do quarto trimestre deste ano: a Renner passou de crescimento de 3,8% para 5%, enquanto mantiveram Lojas Americanas em crescimento de 9%. Ontem, as ações da Lojas Renner caíram 0,18%, enquanto os papéis da Lojas Americanas dispararam 5,79%.
A análise do BTG veio após Serasa, CNDL e Boavista apontarem para fracas vendas no Natal este ano. Para o Serasa, o número de consultas de crédito pelos varejistas caiu 6,4%, sendo que somente na cidade de São Paulo caiu 6,1%. Já segundo a CNDL (Confederação Nacional de Lojistas), esse número foi ainda pior, -15,8%. No geral, as vendas foram fracas, em parte explicado pelo efeito Black Friday que vem ganhando espaço.
Localiza (RENT3, R$ 24,47, -2,90%)
A Localiza, que tentava se recuperar da forte perda da véspera, virou no meio do dia para queda, tendo intensificado o movimento negativo ao final do pregão. Ontem, as ações caíram com a notícia de que a americana Enterprise se preparava para entrar no mercado brasileiro por meio da compra da fatia da Gávea, Vinci e Kinea na Unidas (21,75% cada). Apesar do rumor, a Unidas disse que não há assessor contratado para eventual venda.
Na segunda-feira, o conselho de administração da Localiza aprovou a redução de R$ 120 milhões do capital social da subsidiária Localiza Fleet, voltada para à terceirização de frota. Os recursos serão repassados para a Localiza Rent Car, com o objetivo, segundo a empresa, de buscar o equilíbrio entre o capital próprio e de terceiros de suas operações.
Vanguarda Agro (VAGR3, R$ 8,05, -1,83%)
As ações da Vanguarda Agro, que viraram para alta nesta tarde, devolveram os ganhos no fim do pregão fechando no negativo. A ação seguiu a notícia de um “block trade” com o papel da companhia amanhã na Bovespa e a informação de que a companhia negocia acordo com bancos para adiar parcela de dívida que venceria no último dia deste ano.
Segundo comunicado da Bovespa, um acionista vai vender 750 mil ações da companhia amanhã, ou 4,18% do seu capital total, por meio de um leilão na Bolsa, que será realizado entre 15h e 15h15 (horário de Brasília). O preço sugerido para venda é de R$ 8,30 – preço atual da ação -, totalizando um montante de R$ 6,2 milhões, 8 vezes superior à média diária movimentada com o papel na Bolsa nos últimos 21 pregões. A operação será intermediada pelo BTG Pactual.
O comunicado não informa quem é o acionista da Vanguarda Agro, mas que ele não é controlador ou integrante do bloco de controle e que ele desconhece qualquer informação relevante sobre a empresa que não seja de domínio público. A Bolsa informa, no entanto, que o investidor é membro do conselho deliberativo, fiscal, de administração ou de qualquer outro órgão que exerça direta ou indiretamente qualquer tipo de ato de gestão, fiscalização ou controle da companhia.
Além disso, o presidente da companhia, Arlindo Moura, concedeu entrevista à Bloomberg hoje. Segundo ele, a companhia está negociando acordo com os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander para adiar por um ano parcela da dívida de US$ 15 milhões que vence 31 de dezembro. Essa seria a primeira parcela da reestruturação da dívida de US$ 150 milhões com bancos feita em abril. Apesar de buscar o acordo, Mouro disse que a empresa tem condições de pagar parcela da dívida, se for preciso, mas que pretende utilizar os recursos para compra de fertilizantes para a próxima safra.
Log-In (LOGN3, R$ 0,99, -9,17%)
A Log-In informou que iniciou estudo para eventual reestruturação da dívida. A companhia disse que faz parte de suas atividades a contínua busca de negociação de suas obrigações junto aos seus credores, sejam eles bancos ou fornecedores, com vistas à otimizar a sua estrutura de capital, segundo comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A companhia comunicou que, até a presente data, não há obrigações vencidas junto a instituições financeiras, assim como, quaisquer propostas vinculantes ou acordos firmados quanto à estruturação do atual endividamento. O comunicado da companhia foi divulgado após notícia no Valor de 23 de dezembro, citando reuniões da empresa com credores e que a companhia estaria considerando possibilidade de recuperação judicial, se não encontrar saída.
Dasa (DASA3, R$ 10,06, +31,68%)
As ações da Diagnósticos da América dispararam hoje após a Cromossomo informar que está se dispondo a comprar todas as 86,6 milhões de ações em circulação da companhia por R$ 10,50 cada, segundo edital da oferta. Ontem, os papéis fecharam o pregão a R$ 7,64.
O Bradesco BBI fará a intermediação da operação, que tem leilão programado na BM&FBovespa para dia 1° de fevereiro, às 15h (horário de Brasília). A Cromossomo adquiriu 150,8 milhões de ações por R$ 2,3 bilhões, segundo comunicado de março do ano passado.
InfoMoney – SP