05/06/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Corredores com até cinco metros de largura, gôndolas mais baixas, que facilitam a visão da loja, paredões de ofertas apenas com produtos em promoção. As novas lojas da rede de hipermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar, que começaram a ser inauguradas nos últimos dias, surgem após o antigo modelo, considerado ultrapassado por analistas, ter sido revisto em detalhes. A unidade do bairro da Vila Mariana, em São Paulo, visitada na quartafeira, é um dos 24 pontos da bandeira Extra (22 hipermercados e dois supermercados) que fazem parte do lote inicial de pontos reformados. É a primeira vez que o GPA moderniza hipermercados e supermercados ao mesmo tempo. O grau de mudanças pode variar dependendo da necessidade de cada ponto. As 24 lojas ficaram em obras por até três meses e foram sendo inauguradas nos últimos 45 dias uma reabertura a cada dois dias, em média. Há casos de remodelações mais leves e ocorrerão reformas em vários ciclos. A próxima fase deve ocorrer em um ou dois meses, período no qual será possível analisar os resultados dos pontos reformados. A empresa não informa o valor investido nas 24 lojas e também não menciona prazos para a reabertura de toda a rede Extra com o novo modelo. O diretor executivo do Extra, Laurent Cadillat, diz que nos R$ 100 milhões já anunciados para o projeto de recuperação do formato estão recursos para a reforma das 344 unidades da bandeira Extra. São 137 hipermercados e 207 supermercados passíveis de mudanças, disse Cadillat. Mantendo o ritmo atual, seriam necessários até dois anos para colocar todos os pontos dentro do mesmo conceito. A decisão de rever o modelo de hipermercado surge como tentativa de buscar um novo caminho para este formato de loja, que enfrenta perda de vigor em vários países. O Extra, especificamente, não conseguiu crescer no ano passado vendeu os mesmos R$ 12,9 bilhões de 2013 (37% das vendas do braço alimentar do GPA no ano passado). De outubro a dezembro, encolheu 2,6%. De janeiro a março, a queda foi de 0,8%. Analistas observam que o Extra estava com lojas antigas e modelo defasado, e que teria sentido a recuperação de resultados do Carrefour, que desde o ano passado amplia investimentos no Brasil. Entre as iniciativas implementadas na nova loja de hipermercado está a divisão das áreas. Os espaços destinados para itens alimentícios aumentaram cerca de 20% e aquele separado para venda de eletroeletrônicos e eletrodomésticos encolheu em pouco mais de 20%. A área que restou foi usada para ampliar os corredores de circulação e também o espaço para perecíveis segmento que atrai tráfego neste formato. “Reduzimos exposição de linha branca [eletrodomésticos] e linha marrom [eletroeletrônicos] e trouxemos o conceito da Via Varejo da ‘storeinstore’ de telefones celulares”, diz Cadillat. Algumas iniciativas do supermercado Pão de Açúcar na área de padaria e açougue foram “copiadas”, como o balcão para venda de pão francês e baguetes, e treinamentos para melhorias no atendimento. O açougue também foi remodelado. A respeito do risco de canibalização do Extra com o Pão de Açúcar (há lojas a serem reinauguradas próximas do supermercado) Cadillat nega o risco. “São formatos com públicos diferentes”. O Carrefour também comanda hoje um plano de revitalização de seus hipermercados. Na quartafeira, o Carrefour informou que prevê encerrar 2016 com 60 lojas no modelo chamado “nova geração”, de um total de 102 hipermercados. No segundo trimestre deste ano, a rede lançará 13 lojas com o novo conceito, totalizando 38 unidades transformadas.
Valor Econômico – SP