As vendas no varejo surpreenderam e registraram a maior alta para abril em nove anos, com forte impulso dos setores de supermercados e vestuário e destacando a trajetória irregular da recuperação da economia.
As vendas do comércio varejista subiram 1,0% em abril ante março, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mensal foi o mais forte para abril desde 2008, quando as vendas também subiram 1%. No entanto, o índice acumula queda de 1,6% no ano e recuou 4,6% em 12 meses.
A alta de 1,9% nas vendas do varejo em abril ante abril de 2016 foi a primeira nessa base de comparação após 24 meses seguidos de queda, mas há nesse avanço um efeito calendário, por causa do feriado da Páscoa, e uma base de comparação deprimida, afirmou a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas subiram 1,5% em abril ante março, na série com ajuste sazonal. Na comparação com março de 2016, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 0,4% em abril de 2017. Nesse confronto, as projeções variavam de uma retração de 4,40% a avanço de 0,60%, com mediana negativa em 2,85%. As vendas do comércio varejista ampliado acumularam queda de 1,8% no ano e redução de 6,3% em 12 meses.
Atividades. A alta de 1,0% nas vendas do varejo em abril ante março ocorreu em três das oito atividades pesquisadas. Mesmo com a alta, o nível de vendas do varejo está 9,0% abaixo do pico histórico, registrado em novembro de 2014.
O destaque foi o segmento de “hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e fumo”, com alta de 0,9% na passagem de março para abril. A gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, chamou atenção para o fato de a alta de 0,9% em abril ante março ter sido precedida de quedas em março e fevereiro, com um recuo acumulado de cerca de 6,0%.
O desempenho das vendas nos supermercado foi influenciado pela redução da inflação e teve “algum impacto” da liberação das contas inativas do FGTS, afirmou Isabella.
Também registraram altas as atividades Tecidos, vestuário e calçados (3,5%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (10,2%), que também registraram taxas positivas frente a março de 2017.
“Embora seja um resultado positivo, ele não está disseminado entre as atividades”, disse Isabella.
No sentido oposto, as vendas do varejo de móveis e eletrodomésticos caíram 2,8% em abril ante março. No varejo ampliado, que registrou alta de 1,5% em abril ante março, as vendas do varejo de veículos encolheram 0,3%, enquanto as vendas de material de construção caíram 1,9%. Segundo Isabella, esse desempenho também foi marcado pelo segmento de supermercados.
Projeções. O resultado mensal veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 1,70% a alta de 1,30%, mas acima da mediana das projeções, que estava negativa de 0,65%. Na comparação anual, as projeções iam de uma retração de 3,00% a crescimento de 1,00%, com mediana negativa de 1,20%.
Fonte: Estadão