Até o momento, 23 redes que já ‘arredondam’ o troco nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, como as lojas Havaianas, Luigi Bertolli, Minuto Pão de Acúçar e Mini Mercado Extra
Sabe aqueles centavos que sobram das suas compras e que você não recebe de troco e nem percebe o quanto eles chegam a valer no final das contas? Pois esse trocados podem ajudar a impactar positivamente a vida de milhares de pessoas. Foi com essa ideia simples que a ONG Instituto Arredondar, de São Paulo, venceu na semana passada Desafio de Tecnologia de Impacto Social do Google e levou R$ 1,5 milhão, além de um ano de acompanhamento para levar o projeto adiante.
Os cinco primeiros colocados na competição nacional levaram o prêmio milinário entre 10 finalistas de cinco regiões brasileiras.
Eles desenvolveram uma solução tecnológica para transformar toda compra em uma oportunidade de doação para ONGs, utilizando a tecnologia compatível com os sistemas das redes de varejo do Brasil. Sua plataforma permite aos consumidores arredondar para cima os seus pagamentos em lojas, e doar até um real em cada compra para ONGs e projetos sociais. Com o prêmio do Google, o instituto pretende construir uma rede robusta e expandir-se para mais de 10.000 pontos de venda ao longo dos próximos dois anos, apoiando mais de 100 organizações.
Para isso, a ONG deseja construir parcerias com redes varejistas por todo o Brasil, como supermercados, lojas de departamentos; e-commerces; e máquinas de cartão de crédito, de modo a ampliar sua área de atuação e captar mais doadores.
Até o momento, 23 redes que já ‘arredondam’ o troco nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, como as lojas Havaianas, Luigi Bertolli, Minuto Pão de Acúçar e Mini Mercado Extra.
“O Arredondar é a conexão entre milhões de doadores e organizações sociais de alto impacto”, explicou Nina Valentino, presidente da ONG sediada em São Paulo.
“A gente vai atuar em escala nacional, atender mais de 100 projetos e desenvolver novas tecnologias que garantam que a gente possa ter mais arrecadação para estes projetos de impacto. Porque a gente entende que cada real investido aqui vai ser multiplicado para muitas organizações em pouco tempo”, completou Nina no vídeo de apresentação.
O dinheiro é doado hoje para 15 ONGs, sendo que mais 15 estão em processo de inclusão. A meta é chegar a 100 projetos. Principalmente ligadas a projetos educacionais e alinhados com os oito objetivos do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ana Carolina Martins – coordenadora de projetos: “Nosso intuito é criar um processo mais rápido de expansão. Queremos arredondar nas máquinas de crédito e débito e também e-commerces. Precisamos investir muito em tecnologia, temos em desenvolvimento, mas ainda não testamos. Não há resistência das redes em serem nossos parceiros, há desafios de tecnologia porque não temos um sistema apto. Para eles tem um ganho operacional, porque a questão do troco é uma operação bem complexa. Hoje temos 15 organizações que já estão recebendo recursos e 15 na fila de espera. Gostaríamos sair de 30 para 100 organizações. É um processo que, de fato, precisamos nos preparar para este crescimento, nesse olhar estratégico, com mais pessoas pensando com a gente, virar um movimento de impacto. A expertise de acompanhamento do Google pode nos trazer uma agilidade técnica e de gestão.”
Fomento a projetos de empreendedorismo
O desafio proposto pelo Google, que já realizou a competição em 11 países em 7 anos, é fomentar projetos que utilizem a tecnologia e a Internet para “impactar positivamente a sociedade e promover mudanças gratificantes ao mundo”.
Silvia Follador, representante ponteAponte Empreendedorismo Socioambiental, explicou que assim que o Instituto Arredondar, os 10 finalistas do Desafio vão ser acompanhados durante um ano para desenvolverem um plano de ação. “Vamos oferecer seções individuais de coaching e organizar quatro eventos de treinamento e interconexão entre os todos participantes. Como esses encontros podem ajudá-los a tornar o projeto deles mais eficientes.
O presidente da Google Brasil, Fábio Coelho, ressaltou que iniciativas como essa e as de programas de educação no YouTube mostram que a tecnologia é um recurso importante para a inclusão social e o suporte ao empreendedorismo.
Diretora do Google.org desde 2007, Jacquelline Fuller já trabalhou na Bill & Melinda Gates Foundation e no governo americano. Ela diz grata pelos projetos vencedores estarem trazendo ideias que refletem a mudança na mentalidade política do país.
“O resultado foi surpreendente: as inscrições cresceram 40%, provando que as soluções baseadas em tecnologia estão sendo desenvolvidas em todo lugar para combater de maneira inovadora uma grande variedade de problemas”, destacou Jacquelline.
Segundo ela, a empresa americana faz questão de investir dinheiro e apoio ao redor do mundo em iniciativas como essa. Com participantes e recorde mundial de 1 milhão de votos, o Google não descarta a realização de uma terceira edição brasileira.