Por Alessandra Saraiva | O volume de vendas no varejo restrito teve alta de 0,8% em março, ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Esse foi o resultado mais forte para o mês desde 2018, quando o aumento foi de 1,3%)Em fevereiro, o comércio restrito mostrou estabilidade (dado revisado após divulgação de recuo de 0,1%) ante janeiro.
Na comparação com março de 2022, o varejo restrito avançou 3,2%. O comércio restrito acumula alta de 1,2% no resultado acumulado em 12 meses até março.
O resultado de março ante fevereiro do varejo restrito veio maior que a mediana estimada pelo Valor Data, apurada junto a 30 consultorias e instituições financeiras, que era de recuo de 0,2%. O intervalo das projeções para o varejo restrito ia de queda de 1,4% a alta de 0,7%.
A alta de 3,2% ante março de 2022 também foi maior que a esperada. A expectativa da mediana captada pelo Valor Data era de aumento de 0,8%, com intervalo entre queda de 1,9% e crescimento de 3%.
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, o volume de vendas subiu 3,6% na passagem entre fevereiro e março, já descontados os efeitos sazonais. Em fevereiro ante janeiro, subiu 2% (dado revisado após divulgação de expansão de 1,7% para esse dado).
Os analistas de 27 bancos e consultorias esperavam recuo de 0,3%, segundo a mediana. O intervalo das projeções ia de queda de 1,8% a alta de 1,3%, em março.
Na comparação com março de 2022, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 8,8%. A expectativa mediana, pelo Valor Data, era de alta de 1,8%. As projeções variavam entre queda de 1,4% e aumento de 4,8%.
O que impulsionou a alta
Boas performances em artigos de informática, farmacêuticos e no setor de hipermercados ajudaram a compor a alta de 0,8% no volume de vendas do varejo restrito em março ante fevereiro. A observação partiu de Cristiano Santos, pesquisador do IBGE e analista da PMC.
Ao detalhar os dados, o especialista comentou a evolução recente do segmento de equipamentos para escritório, informática e comunicação. Ele notou a volatilidade na trajetória de volume de vendas nesse segmento, que saiu de uma queda de 9,9% em fevereiro ante janeiro; para expansão de 7,7% em março ante fevereiro.
O técnico explicou que os preços desse setor são muito influenciados por cotação do dólar – visto que ter forte correlação com importados. “O dólar subiu de janeiro para fevereiro, mas caiu de fevereiro para março”, lembrou ele. Assim, o efeito cambial nos preços do setor acabou ajudando a reduzir preços de itens, e favorecendo compras, no segmento, o que ajudou a compor forte alta observada pelo IBGE em março. Esse setor tem peso de 1,6% no total de vendas do varejo restrito, informou Santos.
No caso de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, esse setor manteve alta de vendas, embora menos intensa, de fevereiro para março, passando de expansão de 1,6% para 0,7%, na comparação com mês imediatamente anterior. O especialista comentou que somente esse setor representa 10,1% do total de vendas do varejo restrito. Por isso, um aumento de vendas nesse segmento, mesmo mais fraco, ajudou a compor alta de 0,8% na média nacional do volume de vendas do varejo restrito, em março ante fevereiro, informou ele.
Outro aspecto mencionado pelo especialista é o fato de que as vendas em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo terem parado de cair. Nesse segmento, o volume de vendas ante mês imediatamente anterior saiu de queda de 0,8% em fevereiro para estabilidade em março. O técnico lembrou o forte peso desse segmento no comércio: 54,9% do total. “Só o fato de não ter caído já ajuda [no resultado]”, resumiu. O especialista informou que menor pressão inflacionária, no período, ajudou a impedir nova queda consecutiva em vendas, nesse segmento.
Fonte: Valor Investe