Mesmo com o estado em crise, evento de franchising na capital fluminense deverá movimentar R$ 200 milhões e receber 20 mil pessoas; abertura de unidades de rua na cidade ainda é incerta
Diante de uma crise de segurança pública e corrupção, o Rio de Janeiro sediou ontem o primeiro dia da Expo Franchising ABF Rio 2017. Segundo principal mercado de franquias no Brasil, a onda de violência no estado é responsável pelo avanço na procura de negócios em shopping centers.
Apesar da projeção da Associação Brasileira de Franchising (ABF) de movimentar R$ 200 milhões em novos contratos no evento, existe um receio de que o clima de insegurança no estado afaste possíveis investidores. “Nesse momento, o grande caminho para a expansão acaba sendo os shopping centers, pois eles oferecem mais segurança, de certa forma”, acrescenta o consultor e fundador do Grupo Soares Pereira & Papera, André Luis Soares Pereira.
De acordo com uma pesquisa realizada recentemente pelo Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), o comércio varejista carioca destinou cerca de R$ 1 bilhão aos gastos com segurança no primeiro semestre deste ano. “Algumas lojas de rua têm perdido muitas vendas por conta da violência. Elas estão fechando mais cedo, e outras, dependendo do porte, estão contratando segurança privada. O problema maior no Rio hoje é a Baixada Fluminense, onde o poder aquisitivo é um pouco mais baixo”, comenta Soares Pereira.
Mapeando o crescimento
Exemplo disso, o Grupo Halipar (detentor das redes de alimentação Montana Grill, Griletto, Jin Jin e Croasonho) pretende inaugurar de 10 a 12 unidades no Rio de Janeiro em 2018, mas acredita “que seja muito difícil” instalar novas operações de rua no local. Em meio à crise, a holding enxerga os shopping centers como porto seguro para uma expansão.
Para garantir o objetivo de ampliar o faturamento de R$ 550 milhões em 2016, para R$ 700 milhões este ano, e alcançar a marca de R$ 1,3 bilhão em 2020, a holding pretende estimular o crescimento de franqueadores multimarcas.
“A ideia do grupo é inaugurar cerca de 40 lojas no Brasil no ano que vem. Algo a ser ressaltado é o nosso trabalho com os franqueados multimarcas. Eles representam 15% do grupo. A Halipar permite com que o franqueado tenha as quatro bandeiras da rede na mesma praça de alimentação do shopping. Isso gera uma sinergia entre as marcas”, comenta o gerente de expansão do Grupo Halipar, Jorge Mariano. Segundo dados da ABF, o número de franqueadores multimarcas no Brasil passou de 38% para 43% entre 2016 e 2017.
Com 17 operações no estado fluminense, sendo 12 lojas na capital, a rede de pizzarias Patroni também projeta incremento no número de unidades no Rio de Janeiro, obtendo ao menos três novas oportunidades de negócios nesta edição da Expo Franchising ABF Rio.
Apesar disso, a onda de violência também impacta os planos de crescimento da rede. “Tenho empresários e possíveis investidores preocupados com a segurança no Rio. As pessoas que têm dinheiro estão com medo de investir. Temos uma loja do modelo expresso, no bairro da Taquara (Zona Oeste do estado) que sentiu mais, por estar próximo à Cidade de Deus”, afirma o diretor de expansão da Patroni, Luiz Cury. A rede, que faturou R$ 360 milhões em 2016, tem no Rio de Janeiro seu segundo melhor mercado atualmente e teve de adaptar o cardápio de pizzas ao gosto do carioca.
Além da crise na segurança do estado, as empresas ainda têm de encarar a recessão. Uma das principais franquias de piscina no Brasil, a iGUi está a três anos faturando cerca de R$ 650 milhões. Com plano de expansão limitado para a principal bandeira, o intuito é aumentar a presença de pontos de manutenção iGUi Trata Bem e ampliar a rede popular Splash Piscinas. “Nós estamos muito voltados para o serviço agora. Queremos voltar da feira com 10 a 20 lojas Trata Bem fechadas”, completa o presidente da iGUi, Filipe Sisson.
Fonte: DCI