Por Adriana Mattos | A crise econômica que avançou sobre o comércio brasileiro após 2021 ainda posterga uma retomada do crescimento orgânico do setor. O varejo conseguiu abrir mais lojas físicas e on-line em 2023, após a pandemia ter engavetado projetos, mas o ritmo de aberturas volta a perder força, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feito a pedido do Valor.
Isso reflete um movimento de investimentos ainda represado, num ambiente de demanda doméstica que não dá sinais de retomada consistente.
Nesse cenário, a participação do varejo no total de negócios em operação no Brasil registra queda, e o setor de prestação de serviços, pela primeira vez, passou da metade do total de lojas em operação (50,9%) no ano passado.
Para 2024, ganhou força o discurso entre as redes de redução ou manutenção das aberturas frente ao ano passado, e as expectativas da maioria têm ficado mais perto do “piso” do que do “teto” das projeções informadas ao mercado. Uma reação mais forte na expansão dependerá do cenário de aceleração no consumo, com possível liberação de crédito mais barato, após a queda de juros, e permanência de queda da inflação.
Atacadistas, supermercadistas redes de móveis e eletrônicos, de produtos para “pet” e de moda têm seguido essa linha de recuo ou estabilidade nas expansões neste ano – entre elas Magazine Luiza, Petz, Assaí, GPA, entre outras.
Parte das cadeias de farmácia é a única com projeções de mais aberturas, mas ainda assim há diferenças. A Pague Menos cortou inaugurações, com o foco em uma reestruturação e queda de despesas com juros, e a Raia Drogasil (RD) planeja elevar o número.
Os dados coletados pela CNC no Mapa das Empresas do governo federal, mostram que, no ano passado, o total de estabelecimentos atingiu 2,53 milhões, avanço de 8,1% frente ao ano anterior, versus alta de 9% em 2022 e 9,7% em 2021. Apesar do crescimento menor, a área econômica da entidade destaca a expansão em cima de uma base de comparação maior.
Os números coletados desconsideram empresas abertas pelo regime do Microempreendedor Individual (MEI), que incluem pessoas físicas que trabalham por conta própria, como profissionais autônomos, de diversos segmentos da economia, o que poderia comprometer a amostra.
O ano foi muito desafiador. Houve uma tentativa de volta à normalidade que não ocorreu”
Fonte: Valor Econômico