Dono das redes G. Barbosa e Prezunic, o grupo chileno Cencosud poderia se desfazer da operação brasileira caso a recuperação econômica no País não apresente sinais de aceleração, informou ao jornal Valor Econômico um ex-executivo da empresa, que não teve seu nome revelado. “Eles entendem que o fundo do poço já passou, e é isso que ainda sustenta os planos de manutenção dos negócios no país, por enquanto. Mas há claramente uma frustração”, disse a fonte.
No entanto, existem divergências entre os principais executivos da companhia sobre o melhor caminho para a operação no Brasil: manter ou vender. De acordo com o Valor, Jaime Soler, presidente do grupo Cencosud, defende a saída da empresa do País, por acreditar que a filial seguirá demandando recursos sem perspectiva de recuperação dos investimentos em curto e médio prazo. Já Horst Paulmann, fundador e controlador da companhia, tem se mostrado contrário à venda da operação. Ele chegou a sondar possíveis compradores em 2015, porém acredita que uma negociação no momento atual, em que os resultados seguem fracos, depreciaria o ativo.
Conforme apurou o Valor Econômico, essa falta de consenso sobre os rumos da operação brasileira influenciou a recente decisão de Jaime Soler renunciar à presidência do grupo. Oficialmente, o executivo, que permanecerá no cargo somente até o final de setembro, alegou “razões pessoais” para a renúncia. Andreas Strobel, atual CEO da Enel Distribución, assumirá a presidência do grupo Cencosud a partir de outubro.
No Brasil desde 2007, a varejista chilena investiu cerca de R$ 3 bilhões em aquisições nos cinco primeiros anos. Em 2012, somava R$ 9,7 bilhões em vendas brutas. No ano passado essa receita caiu para R$ 8,5 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, o lucro ebitda (antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi negativo em quase R$ 60 milhões no Brasil. E o lucro bruto em supermercados caiu quase 19%. A empresa informou ter verificado melhora nas vendas de mesmas lojas, no entanto avaliou que os números ainda sofrem efeitos da deflação dos alimentos e do fechamento de 11 lojas no último ano, além da piora econômica nas regiões do País onde atua.
A Cencosud nega ter planos de sair do Brasil e não se manifestou sobre divergências entre seus altos executivos.
Fonte: Valor Econômico