Em novembro de 2016, uma notícia correu o setor logístico: os Correios anunciaram o fim do e-Sedex, serviço da empresa específico para e-commerce que estava ativo desde 2010. Uma liminar entrou em ação para impedir o fim, alegando que o conselho de administração da organização não tinha participado da decisão, mas o posicionamento da companhia continua o mesmo.
Alex do Nascimento, chefe do departamento de marketing de encomendas dos correios explica que, da maneira como era ofertada, a modalidade estava em conflito com o PAC e o Sedex. “Tratava-se de um serviço de encomenda expressa com preço de encomenda econômica. Era preciso que a empresa revisasse esse formato para poder manter todo o seu portfólio disponível e financeiramente sustentável”, analisa.
É que ao contrário do que o mercado sempre pensou, a maior parte dos clientes que utilizava o e-Sedex era formada por grandes empresas. “Apenas 15% do total de encomendas postadas são das micro e pequenas empresas”, conta Nascimento. Ainda: várias cidades não tinham acesso ao serviço – e isso porque a empresa consegue chegar a muitas regiões que outras empresas não alcançam. Assim, a revisão do posicionamento foi inadiável para a saúde da marca.
Ou seja, o modelo de entregas expressas com preço convencional realmente chegou ao fim.
Como fica o mercado nesse contexto?
Falar de logística no Brasil não é fácil. Existem muitos desafios no mercado – desde segurança até infraestrutura – e grande parte dos players privados atua com foco em grandes empresas. “Tudo que é relacionado a transporte é sinônimo de custo. E dificilmente é um custo que foge do Top 3 de itens que uma empresa mais gasta”, lembra o COO da Wine.com.br, Ricardo Buteri. Nesse sentido, o quadro pesou até mesmo para os Correios. “Financeiramente, dificilmente a conta fecha”, afirma Pedro Moreira, presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog).
Para ele, o movimento dos Correios abre muitas oportunidades para os players do setor, além de gerar espaço para novas marcas entrarem no mercado. “Como os preços estarão mais equiparados com as condições do mercado, isso gera uma concorrência saudável tanto para os Correios como para outras empresas que queiram atuar no segmento”, aponta.
Ao mesmo tempo, o quadro demanda um redesenho das estratégias existentes entre as empresas que oferecem entrega – principalmente pequenos e-commerces. “As empresas terão de se adequar a um sistema de distribuição de retirada de pequenos volumes em muitos pontos e entrega com alta capilaridade em grandes centros urbanos”, explica Priscila Miguel, professora e coordenadora do GVCelog (Centro de Estudos em Logística e Supply Chain) da FGV EAESP.
Fonte: Novarejo