Chris Kempczinski, novo executivo-chefe do McDonald’s, disse que o grupo de “fast food” terá de tomar participação dos concorrentes para sustentar seu crescimento em um momento no qual o setor luta contra o fraco movimento dos clientes.
O executivo — que assumiu em novembro, após seu antecessor, Steve Easterbrook, ser demitido por manter um relacionamento com uma colega — disse ontem que o McDonald’s tem “um amplo impulso de alta”, mas que pode fazer mais para atender melhor os clientes.
Apesar das pressões sobre o setor, os resultados divulgados ontem chamaram a atenção para o sucesso obtido pelo McDonald’s sob a gestão de Easterbook. As vendas em bases equivalentes aumentaram 5,9% em 2019 — maior alta em pelo menos dez anos.
Apesar disso, nos Estados Unidos, maior mercado da empresa, o número de transações nos pontos de venda existentes há pelo menos 13 meses recuou 1,9% nos últimos 12 meses.
“Temos de ter um crescimento das transações, e é para isso que todos nos EUA estão trabalhando neste momento”, disse Kempczinski. O café da manhã — único horário do dia em que a demanda do setor está melhorando — é um foco especial para o McDonald’s. Os concorrentes, desde a Wendy’s até a Dunkin’, lançaram novos itens do cardápio nos últimos meses.
Nesta semana, o McDonald’s reforçou as ofertas de café da manhã com o lançamento do Chicken McGriddles e do McChicken Biscuit.
“O crescimento no setor, neste momento, terá de vir da tomada de participação [de mercado] — o movimento [do público] está bastante atenuado”, disse Kempczinski aos analistas durante sua primeira apresentação de resultados desde que foi promovido do cargo anterior, de presidente do McDonald’s nos EUA.
O executivo afirmou que o McDonald’s também tem de superar outros desafios, como “crescentes custos com mão de obra [e] contínuos [episódios de] desestabilização tecnológica”.
Apesar da queda do movimento nos EUA no ano passado, os americanos gastaram mais, em média, por visita à rede de “fast food” — em parte devido ao lançamento de quiosques de autoatendimento. “As pessoas tendem a ter encomendas maiores” quando os usam, disse Kempczinski. As vendas comparáveis no mercado de origem do grupo aumentaram 5% em 2019.
Em sua divisão “operada internacionalmente” — os mercados externos em que o McDonald’s ao mesmo tempo gerencia seus próprios restaurantes e tem licenciados —, as vendas comparáveis aumentaram 6,1%.
No grupo como um todo, o lucro líquido do quarto trimestre aumentou 11% em relação a um ano antes, para US$ 1,57 bilhão, sobre uma receita de US$ 5,4 bilhões.
Entre os demais desafios com que Kempczinski se defronta está o letal coronavírus originado na província chinesa de Hubei.
O McDonald’s informou, ontem, que fechou todos os seus restaurantes em Hubei, o que soma “várias centenas” de pontos de venda, mas que ainda mantinha 3 mil abertos em toda a China.
Kempczinski disse que a empresa aprovou uma “força-tarefa de prevenção e controle de epidemias” com as autoridades locais, que inclui o uso de cozinhas para fornecer refeições para trabalhadores do setor de saúde e o fornecimento de triagem médica para clientes. “Trata-se realmente de um esforço de mobilização geral”, disse ele.
O executivo-chefe disse que, embora a China responda por 9% dos pontos de venda do McDonald’s no mundo inteiro, eles geravam menos de 5% de sua receita e cerca de 3% do resultado operacional. “Embora a China seja um mercado decisivo para nós, e estejamos muito preocupados com a situação do país, seu impacto real sobre a nossa empresa será razoavelmente pequeno, pressupondo… que [o surto] continue restrito à China”, disse Kempczinski.
As ações do McDonald’s encerraram o pregão em Nova York, ontem, com preço de US$ 214,44, alta de 1,92%.
Fonte: Valor Econômico