Por Raquel Brandão | O Madero recalculou a rota e melhorou seus números. Ao fim de 2023, a rede de restaurantes — que sofreu com a pressão das dívidas no pós-pandemia — reduziu em R$ 100 milhões a dívida líquida e colocou o pé no freio em relação à expansão de lojas para melhorar a rentabilidade do negócio. O lema de 2024 é reduzir o endividamento e aí, se as condições de mercado melhorarem, o esperado IPO pode sair do papel.
“Nossos números realmente foram muito bons, muito fortes. Estamos muito otimistas do que vai ser esse ano. A empresa está muito estruturada e com foco em aumentar a rentabilidade”, diz Ariel Szwarc, CFO do grupo criado por Junior Durski.
A aposta é no fortalecimento da marca e em ganhos de eficiência para ter crescimento orgânico. A empresa terminou 2023 com 276 lojas, apenas uma a mais do que tinha ao fim do ano anterior.
“Vamos continuar 2024 sem investimentos relevantes porque a ideia é continuar reduzindo endividamento. O ritmo de abertura de lojas só volta a se intensificar no segundo semestre de 2025”, diz o CFO.
Nesse contexto, o Madero descarta fusões e aquisições e diz que não tem interesse em ativos que estão na rua como as redes Subway, Starbucks e Eataly, do grupo em recuperação judicial SouthRock.
Ao fim de 2023, a companhia tinha R$ 786,5 milhões de dívida líquida, 12,5% a menos do que um ano antes. Agora ganha fôlego extra com a queda dos juros básicos. A cada ponto cortado da Selic, o custo da dívida fica de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões menor ao ano.
A alavancagem do grupo chegou a 1,86x, em patamar bastante saudável para o negócio. Em 2020, quando a estratégia estava na expansão do número de lojas, a relação entre dívida líquida e Ebitda chegou a ser de 15x.
“Quando se está crescendo de forma acelerada, muitas vezes se perde a mão da rentabilidade”, observa Szwarc. O Ebitda cresceu 14% e chegou a R$ 426,1 milhões. A melhora de rentabilidade veio especialmente no último trimestre, quando a margem Ebitda aumentou 1,1 ponto percentual e chegou a 27,8%.
Mesmo sem ser “a prioridade do ano”, a possibilidade de IPO segue no radar. “Não temos urgência e o mercado ainda não está receptivo. O IPO não depende da gente, mas estamos prontos”, diz.
O fator determinante está no valuation. Zamp, dona do Burger King e Popeyes, e IMC, dona da Pizza Hut, estão amargando perdas de 7,96% e 25,11% em 12 meses, mas Szwarc defende que as outras empresas de alimentação fora do lar não são seus pares comparáveis. “Nossos números estão muito diferentes. A situação deles é muito diferente.”
No começo de 2022, quando a dívida beirou R$ 1 bilhão, o Madero desistiu oficialmente do processo de IPO que estava protocolado. Em 2021, a expectativa era ser avaliado em R$ 7 bilhões — valor apenas R$ 1 bilhão abaixo do que projetava quando tentou abrir capital nos Estados Unidos.
Fonte: Exame