O edifício Itália, no centro de São Paulo, abriga a partir desta quarta-feira, 14, uma loja de supermercado de vizinhança no térreo. A terceira unidade do Hirota Food Express surpreenderia tanto os idealizadores do projeto arquitetônico dos anos 1950, que representou a ascensão dos imigrantes italianos, como o imigrante japonês Katsumi Hirota. Falecido há seis anos, Hirota fundou uma mercearia nos anos 70 que se transformou na rede que leva seu sobrenome.
A unidade é o pontapé inicial de um plano de abrir 50 lojas de conveniência no modelo japonês “Konbini” em cinco anos. A expectativa é de que 20 lojas sejam inauguradas em 2017, com a admissão de 300 trabalhadores. Neste ano já foram três: além da unidade do edifício Itália, uma na avenida Paulista e outra no shopping Eldorado.
“Esse modelo é adequado à crise e ao estilo de vida do paulistano”, diz Leandro Kamada, gerente de novos negócios. O investimento no projeto será de quase R$ 40 milhões, o equivalente ao que seria gasto em três lojas tradicionais de supermercado. A projeção é que o faturamento da rede cresça 300% no ano que vem, puxado pelas lojas de conveniência, e que esse formato responda por metade das vendas em cinco anos.
A empresa não revela o faturamento, mas, segundo especialistas do varejo, chega a R$ 400 milhões por ano com 15 lojas de supermercados. Com esse faturamento, a rede estaria entre as 200 maiores do setor no País.
No modelo “Konbini”, as lojas são pequenas, com até 300 metros quadrados, e instaladas em regiões com grande fluxo de pessoas em áreas centrais. Eugênia Fonseca, gerente da empresa, explica que esse formato é diferente das lojas dos concorrentes em operação no País. No Japão, a loja de conveniência é um lugar onde o consumidor pode encontrar de tudo, incluindo uma grande oferta de pratos prontos e saudáveis. “É onde você pode resolver a vida”, diz ela.
Para dar suporte a esse modelo, a empresa investiu numa cozinha industrial, com 150 profissionais de nutrição, e importou uma máquina de sushi. A cozinha tem capacidade para produzir pratos para abastecer 30 lojas de conveniência e não se restringe à culinária japonesa.
Outro pilar de diferenciação do projeto é a grande oferta de produtos orientais, que hoje representam 6% do faturamento da varejista
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, avalia positivamente a estratégia. “Uma rede desse porte ou se diferencia com esse modelo ou acaba sendo engolida pela concorrência.”
Parceria
Desde 2003, o Hirota tem uma parceria com a gigante japonesa do varejo Daiso, especializada em vender produtos pelo preço único de 100 ienes (pouco menos de R$ 3). A associação entre as empresas só veio a público em 2012, quando a Daiso estreou no País com lojas próprias.
Nesse mesmo ano, também começaram a ser montadas lojas Daiso dentro de supermercados Hirota.
A iniciativa partiu do Hirota, que viu na estratégia uma forma de ampliar a quantidade de produtos orientais para se diferenciar da concorrência. “Hoje, 30% dos clientes compram um produto Daiso”, diz Eugênia.
Terra define o mix de produtos da Daiso como “aqueles que o consumidor não precisa, mas quer ter”. É a verdadeira compra por impulso, de quem vai ao supermercado fazer a despesa do mês e acaba sendo seduzido por itens bonitinhos e baratos.
São produtos para casa, cozinha, uso pessoal e até para animais de estimação, todos de fabricados no oriente. No Brasil, eles variam de R$ 6,99 a R$ 19,99, sendo que mais da metade custa entre R$ 7,99 e R$ 8,99.
A Daiso tem três mil lojas no Japão e 1,5 mil no exterior. No Brasil, além de estar nos supermercados Hirota, tem 13 pontos próprios em São Paulo. Procurada, a direção da Daiso no Brasil não quis falar sobre os planos para o País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Istoé Dinheiro