Mesmo na projeção mais otimista, o avanço previsto para o consolidado não seria suficiente para recuperar todas as perdas dos últimos dois anos, quando o ramo acumulou queda de quase 18%
O varejo de óticas deve fechar este ano com um crescimento de entre 7% a 10% nas vendas, depois de acumular queda de 18% nos últimos dois anos. Até agosto, o ramo cresceu 7,4%, na medição dos últimos doze meses, atingindo faturamento de R$ 21 bilhões.
Caso atinja o avanço mínimo previsto para o ano, de 7%, o setor de óticas voltaria ao mesmo nível de 2015, quando fechou com receita bruta de R$ 21 bilhões. Os dados e projeções foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica) com exclusividade ao DCI. “Estamos voltando a patamares conhecidos. Nos últimos doze meses finalizados em agosto já retomamos o faturamento de 2015”, comemora o presidente da entidade, Bento Alcoforado.
Segundo ele, a previsão da associação é que o crescimento ao final do ano seja de no mínimo 7%, podendo chegar a 10% dependendo do cenário nos próximos meses. “O faturamento mínimo do ano deve ser de R$ 21 bilhões, mas acredito que possa se aproximar até dos R$ 22 bilhões”, prevê o executivo.
O pico de vendas do setor ocorreu em 2014, quando o faturamento das óticas brasileiras atingiu R$ 23,6 bilhões (veja no gráfico). O crescimento deste ano, portanto, não seria suficiente – nem no cenário mais otimista -, para recuperar todo o faturamento perdido nos últimos dois anos. Para tanto, o presidente da Abióptica acredita que serão necessários mais dois anos de avanço.
Na comparação do acumulado deste ano (janeiro a agosto), frente igual período do ano passado, o avanço do setor foi ainda mais expressivo, de 25%. Alcoforado diz, contudo, que isso se deve a base muito baixa, já que no período de janeiro a agosto de 2016 o setor tinha recuado 28%, frente 2015. “Estávamos em um patamar muito ruim. A base comparativa é extremamente baixa”, diz.
Para os próximos meses, o presidente da entidade, que representa os principais varejistas e fabricantes do ramo, aponta para um cenário positivo. Segundo ele, dois fatores contribuem para o resultado do segundo semestre, que tende a ser melhor do que o do período de janeiro a junho. O primeiro é a volta das férias de julho, que gera um pico de vendas, e o segundo são os lançamentos de óculos de sol, com a chegada do verão. Além disso, ele diz que os óculos têm começado a ganhar um caráter de presente, sendo beneficiados pelo Natal e Black Friday. “No passado, há cerca de 10 anos, o mês de dezembro era trágico para o segmento. Mas os óculos entraram no radar de presentes, e o Natal e a Black Friday começaram a ajudar.”
Investimentos
Mesmo com a reação do setor e a perspectiva de que a melhora se mantenha daqui para frente, Alcoforado afirma que os investimentos mais expressivos das óticas ainda não retomaram. O aporte, segundo ele, só deve voltar com mais força em 2019. “O ano que vem será de eleição e ainda de muitas dúvidas sobre o futuro.”
As grandes redes do ramo, explica, como a Óticas Carol e a Óticas Diniz, têm propostas ousadas de expansão de lojas já para este ano, mas boa parte do crescimento deve se dar através da conversão de lojas independentes para a rede- estratégia que não demanda aportes expressivos. “Sob o ponto de vista do investimento hoje vemos muito mais o aporte na gestão e otimização do que na abertura de lojas”, afirma o presidente da Abióptica.
Nos últimos dois anos de crise o setor fechou mais de 3 mil pontos de vendas, caindo de cerca de 26 mil óticas para aproximadamente 23 mil. A tendência, portanto, é que a recuperação do total de unidades também não ocorra ainda este ano e nem no ano que vem, ficando apenas para 2019. “Investimentos pesados, agressivos acredito que só quando tivermos o novo governo. Só assim o empresário ficará seguro para investir.”
Fonte: DCI