Por Adriana Mattos | O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, disse nessa terça-feira (19) que as mudanças no cenário macroeconômico (com juros altos após 2021) e a crise da pandemia adicionaram quase R$ 3 bilhões aos custos da empresa. Segundo ele, foram dois anos para colocar a empresa no caminho de novo, retornar ao lucro trimestral e cortar os R$ 3 bilhões.
Dessa soma total, R$ 1,5 bilhão foi de aumento de despesa financeira e quase R$ 1,5 bilhão do diferencial de alíquota de ICMS (Difal). Para reduzir esse peso, a rede elevou margem, cortou despesa e aumentou receita com serviços.
Além disso, Trajano lembrou que, desse efeito anual do Difal, cerca de R$ 300 milhões foram no quarto trimestre, e para equilibrar houve aumento de preços e a venda caiu — ele reforça que houve efeito da base alta de comparação das vendas da Copa do Mundo no fim de 2022.
A receita líquida caiu 5,5% de outubro a dezembro, a venda on-line (própria e de terceiros) diminuiu 1,5%, e as lojas físicas cresceram 3,5%. O executivo disse que a venda própria está mais estabilizada em 2024 e Difal já foi todo repassado em 2023.
O STF mudou seu entendimento sobre o diferencial de alíquota do ICMS em 2023, afetando todo o varejo, e numa alteração de postura que surpreendeu as redes.
Os ministros entenderam que a cobrança do Difal do ICMS só poderia ser retomada em abril de 2022 – e não em 2023, como defendiam as empresas. A votação encaminhava para a posição defendida pelas redes, mas o cenário “virou”. O diferencial de alíquotas é usado para dividir a arrecadação do comércio eletrônico entre o Estado de origem da empresa e o do consumidor.
Oportunidades
Trajano ainda disse que há oportunidades que não estão no consenso de analistas, como Magalu Ads, a fintech da rede e Magalu Cloud. O lucro líquido da empresa foi de R$ 212 milhões no quarto trimestre, versus perda de R$ 36 milhões um ano antes.
“Temos boa perspectiva para primeiro semestre como reflexo de iniciativas de quarto trimestre. Vamos ter margens melhores em 1P [venda própria] com crescimento em vendas e margem operacional, porque loja tem margem de contribuição altíssima e vem crescendo dois dígitos. Os repasses de taxas aos ‘sellers’ do ‘marketplace’ foram finalizados em junho de 2023, e teremos um bom momento no quarto trimestre [de 2024], e especialmente no ano seguinte”, disse Trajano.
Fonte: Valor Econômico