Não é de hoje que a Amazon chama atenção do mercado com sua expansão e aumento de poder, mas os últimos meses têm mostrado que a companhia liderada por Jeff Bezos está se tornando o maior temor não só de concorrentes varejistas, mas de grandes empresas de outros setores. Para muitos CEOs, a companhia é mais perigosa que os riscos da gestão Donald Trump ou mesmo o aumento da remuneração dos trabalhadores.
A gigante on-line já estava arrasando seus adversários no varejo, mas agora está se transformando em uma empresa muito mais abrangente e que compete em tudo, de mercados sofisticados a desenvolvedores de tecnologia. E o setor corporativo dos EUA está prestando atenção — e ficando cada vez mais preocupado com a concorrência.
Uma pesquisa feita pela Bloomberg com transcrição das apresentações de resultados e outros eventos corporativos mostram que nos últimos 90 dias, a Amazon foi citada 635 vezes, um resultado quatro vezes maior que as 162 vezes que Donald Trump foi citado, enquanto os salários foram discutidos 111 vezes.
A tendência se mantém nos últimos 12 meses, que abrange o período em que Trump conquistou uma vitória surpreendente nas urnas. Mesmo assim, a Amazon foi mencionada 1.800 vezes nas apresentações de resultados realizadas nesse período, em comparação com 1.000 vezes para Trump e 406 vezes para os salários.
E um dos setores que mais está correndo risco é o de meio de pagamentos. Em relatório, a analista Lisa Ellis, da Alliance Bernstein, disse recentemente que Bezos pode criar sua própria versão do PayPal, em um movimento parecido com o da Alibaba, que fez o Alipay. De acordo com a Bloomberg, a Amazon já se tornou grande preocupação para a Visa, Mastercard e até mesmo o próprio PayPal por ter lançado um programa de fidelidade e por estar colocando botões de checkout nos sites de outras varejistas.
Segundo Ellis, a Amazon representa um risco real para as três empresas, mas, por enquanto, apenas no longo prazo. “Para Visa e Mastercard, no mínimo, a Amazon traz o risco de tirar o brilho da marca (qual cartão você armazenou na sua carteira da Amazon?) e pressão de preços. Para o PayPal, no mínimo, a Amazon reduz o seu mercado endereçável (não há um botão do PayPal na Amazon)”.
Porém, o maior alerta da analista é para o caso da Amazon realmente criar seu próprio PayPal, já que isso levaria os consumidores a guardarem seus dinheiros na conta da Amazon Pay, em vez das contas bancárias, que alimentam os acordos feitos com as bandeiras de cartão de crédito como Visa, Mastercard e American Express.
Mas o temor criado pela Amazon no mundo corporativo vai além disso. A aquisição da Whole Foods Market chamou atenção dos CEOs e se tornou só o mais recente fator de destaque para a companhia, que foi citada, por exemplo, por Steve Easterbrook, do McDonald’s, em sua teleconferência de resultados.
Já faz anos que as varejistas sentem medo de Jeff Bezos, mas agora chegou a hora de outros setores olharem para a gigante on-line e ver uma ameaça aos seus negócios. Até onde a Amazon terá poder para crescer, só o tempo dirá, mas por enquanto não parece haver limites.
Fonte: Infomoney