Operação de “sales leaseback”, em que imóveis são vendidos ao fundo e alugados para uso da rede no longo prazo, com a Paramis Capital deve movimentar R$ 200 milhões
Por Adriana Mattos
O Grupo Mateus, de varejo alimentar, negocia um acordo na área imobiliária com a Paramis Capital. Segundo o Valor apurou, as conversas envolvem uma operação de “sale leaseback”, em que imóveis são vendidos ao fundo e alugados para uso da rede no longo prazo. Isso permite que o grupo monetize ativos, como suas lojas, com entrada de recursos no caixa e redução de endividamento.
A varejista, que encerrou o primeiro trimestre com 218 lojas em operação no país, havia mencionando a analistas recentemente que analisava uma operação nesse formato, sem citar nome de fundos sondados. Nas conversas, mencionou que o contrato de “sale leaseback” poderia girar em torno de R$ 200 milhões e deveria ser fechado no segundo trimestre.
Procurados, o grupo Mateus e a Paramis Capital não se manifestaram sobre o assunto. Em abril, o Valor informou que a Paramis preparava o lançamento de seus fundos imobiliários. A expectativa da empresa era captar R$ 650 milhões em 2022.
Nos últimos meses, a varejista vem tentando equilibrar a necessidade de acelerar o crescimento das vendas, com rentabilidade e investimentos em expansão, como o CEO Ilson Mateus Rodrigues disse em entrevista ao Valor publicada em fevereiro.
Relatório da XP ressalta que a companhia reportou uma queima de caixa de R$ 243 milhões de janeiro a março, principalmente explicada por “investimentos em capital de giro, apesar de notar que o grupo está trabalhando para reduzir os níveis de estoque” e com investimentos. A rede planeja entrar em dois novos Estados no segundo trimestre (Alagoas e Sergipe).
No fim de março, o Grupo Mateus tinha R$ 618 milhões em saldo final de caixa, versus R$ 1,8 bilhão um ano antes. A dívida líquida somava R$ 425 milhões, 162,3% acima de dezembro. A relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação foi de 0,1 vez em dezembro para 0,4 em março.
De janeiro a março, a empresa registrou lucro líquido atribuído aos controladores e R$ 196 milhões, avanço de 26,5% ante igual período do ano passado. A receita líquida somou R$ 4,58 bilhões, aumento de 36,2%. Foram abertas 49 lojas nos últimos 12 meses.
José Morgado Filho, diretor financeiro da companhia, afirmou ontem, em teleconferência com analistas sobre o balanço do primeiro trimestre, que a rentabilidade tem sido afetada pela inflação e pela abertura de lojas – que levam cerca de 6 meses para maturar.
A margem bruta foi de 22,3% nos três primeiros meses do ano, uma queda de 1,5 ponto percentual na comparação anual. (Colaborou Cristian Favaro)
Fonte: Valor Econômico