Estabilidade no custo de vida no médio prazo pode diminuir pressão sobre os preços e aumentar demanda interna
Por Alessandra Saraiva
As trajetórias da inflação e da pandemia no país ditarão os rumos do consumo das famílias esse ano, segundo a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Catarina Carneiro Silva. Ela fez a observação ao comentar desempenho do Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e cujos resultados anual, referente a 2021; e mensal, referente a dezembro, foram anunciados hoje.
O ICF caiu 9,9% no ano passado ante ano anterior, para média de 71,6 pontos em 2021, menor patamar da série histórica do indicador, iniciada em 2010. Em dezembro, houve recuo de 0,8% ante mês anterior, para 74,4 pontos. “Realmente 2021 foi um ano negativo. Uma queda de 9,9% não é um bom resultado”, admitiu.
Na prática, o ano passado foi afetado por uma série de fatores que levaram a um contexto desfavorável ao consumo, como inflação e juros em alta; e renda em baixa – com ausência de retomada expressiva no mercado de trabalho.
Ao mesmo tempo, as famílias tiveram que lidar com a continuidade da pandemia no ano passado, que eleva cautela sobre decisões futuras, lembrou ela.
No entanto, observou que se houve uma estabilidade na inflação no médio prazo, após primeiro trimestre de 2022, é possível que a renda do consumidor seja menos pressionada por avanço de preços. Isso na prática pode gerar impacto favorável no poder aquisitivo e, por consequência, na demanda interna.
A técnica admitiu, no entanto, que a continuidade da pandemia esse ano, com a chegada da nova variante ômicron, originada da África e mais transmissível, confere um componente de incerteza no começo do ano. Por isso, a especialista avalia ser necessário também esperar a trajetória futura do quadro sanitário do país, para mensurar projeções mais abalizadas sobre o consumo interno em 2022.
Fonte: Valor Investe