25/11/2014 às 05h00
Por Adriana Fonseca | De São Paulo
Em março de 2015 começam as aulas do MBA on-line de finanças bancárias encomendado pelo Banco do Brasil à Fundação Getulio Vargas (FGV). Serão dez turmas, cada uma com 45 gerentes de agências da instituição. “A customização do curso é importante para aprofundar o papel do banco e sua estratégia entre os colaboradores. É uma singularidade que precisa estar presente no MBA que os funcionários vão fazer”, afirma Carlos Netto, diretor de gestão de pessoas do BB.
A opção pelos programas on-line é crescente na instituição bancária. Segundo Netto, os treinamentos a distância têm alcançado resultados positivos na formação dos colaboradores e ainda geram redução dos gastos. “Se não fosse on-line, não conseguiríamos tanta capilaridade”, diz.
Neste ano, o BB investiu cerca de R$ 18 milhões em capacitação on-line, o que representa 35% do total gasto com a formação dos funcionários. Somente com ensino a distância, o banco ultrapassou 4 milhões de horas-aula em 2014, um incremento de 15% em relação ao ano passado.
O FGV Corporativo, braço da Fundação Getulio Vargas responsável por desenvolver programas sob demanda para empresas, tem um portfólio bastante abrangente – de finanças a sustentabilidade, passando por liderança e administração pública. Os cursos vão desde palestras com oito horas de duração até MBAs com 600 horas-aula.
Luiz Ernesto Migliora, diretor executivo de cursos corporativos da FGV, afirma que a procura por programas on-line vem crescendo. Neste ano, a escola viu a demanda aumentar 20% em relação a 2013.
No Ibmec, o crescimento do segmento de cursos on-line sob medida também é expressivo. Antonio Carlos Kronemberger, diretor acadêmico e gestor nacional de educação a distância e de soluções corporativas do Grupo Ibmec, diz que o on-line ainda representa uma pequena parte do todo dentro da instituição -15% no segmento de cursos corporativos -, mas vem crescendo a taxas maiores – 36% em 2014 na comparação com 2013, contra 20% dos programas presenciais no mesmo período.
Segundo ele, o interesse das empresas por cursos fechados está aumentando por conta das necessidades específicas de cada negócio e também pelo gap de formação do ensino brasileiro de forma geral. “As empresas preferem corrigir essa deficiência de formação dentro da sua cultura, capacitando o profissional dentro de sua necessidade estratégica”, afirma. “Já a crescente procura pelos cursos on-line é reflexo da dificuldade de deslocamento nas grandes cidades e de uma percepção cada vez melhor que as empresas têm dos programas a distância”, diz Kronemberger.
Não à toa, o MBA em gestão de negócios desenvolvido pelo Ibmec especificamente para a KPMG passou a ser totalmente on-line dois anos atrás. O curso, que teve duas turmas anteriores em um formato misto – presencial e on-line -, agora é realizado a distância. “Mantivemos quatro encontros presenciais, nos quais os sócios da consultoria participam. Mas é mais um evento da empresa do que do curso. As aulas são todas on-line”, diz Kronemberger. Com duração de um ano e meio e direcionado a gerentes com chances de serem promovidos a sócios, o curso reúne 35 alunos em cada edição.
Além de programas de longa duração, como o MBA, o Ibmec desenvolve cursos sob medida para empresas em mais dois formatos: média duração – de 60 a 200 horas; e cursos rápidos, com cerca de 30 horas-aula. Entre os programas de média duração, os que mais saem são os relacionados à gestão. Já nos de curta duração os mais pedidos são módulos sobre finanças, matemática financeira e projetos.
Ao observar a grande demanda do mercado em relação aos cursos in company on-line, a Fundação Instituto de Administração (FIA) também investiu no segmento. Nivaldo Tadeu Marcusso, consultor do Núcleo de Educação a Distância (NED) da FIA, diz que há cerca de um ano a escola colocou em prática sua estratégia de atender as empresas com cursos on-line feitos sob medida. Para isso, desenvolveu uma arquitetura mais adequada e robusta, unificou iniciativas que antes eram isoladas e contratou uma equipe de profissionais especializados em ensino remoto. O projeto começou com a implementação do NED no fim do ano passado. Agora, a FIA oferece cursos in company on-line em diferentes áreas e com carga horária de 20 a 120 horas. “A escola faz o conteúdo para as empresas usarem em suas plataformas ou fornece também a plataforma de aprendizado remoto”, diz Marcusso.
Segundo ele, os programas mais procurados têm sido os relacionados ao desenvolvimento de competências básicas, como trabalho em equipe, gestão de tempo e gestão de processos.
Em 2014, a FIA registrou 50% de crescimento no ensino on-line in company em relação a 2013. Os cursos a distância têm ainda uma vantagem competitiva: custam de 20% a 30% menos para as empresas.
Valor Econômico – SP