Momento é propício para líderes do varejo que consigam analisar situação de maneira mais sistêmica e considerem o impacto das ações sobre todos os stakeholders
Um dos legados positivos da crise do coronavírus é uma intensa mudança cultural nas empresas e no perfil dos líderes do varejo. Essa nova cultura pode ser percebida na agilidade para a tomada de decisões, em ações colaborativas, na preocupação com todos os stakeholders e na aceleração da transformação digital nas empresas. “Nos últimos 15 dias, estamos vendo coisas incríveis, que eram consideradas impossíveis antes da crise”, afirmou Alberto Serrentino, sócio-fundador da Varese Retail e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), durante live realizada na noite de sexta-feira (03/04) no YouTube.
Para o consultor, a crise tem provocado mudanças exponenciais as empresas. “O nível de colaboração interna e externa nas empresas cresceu muito e isso leva a mais inovação. Um legado muito positivo deste momento que estamos vivendo é a criação de modelos de negócios mais ágeis, flexíveis e colaborativos”, comenta. Essa colaboração valoriza líderes que olhem não somente para a empresa, mas para todo o ecossistema. “Temos visto muitos exemplos de líderes varejistas que se comprometeram a ajudar seus pequenos fornecedores, não só mantendo os pagamentos em dia, mas inclusive ajudando a financiar a continuidade das empresas.
Essa é uma medida que gerará resultados muito fortes no médio prazo, em um mercado que deverá ser diferente do que era antes da crise. “Teremos certamente um ‘novo normal’, que ainda não está muito claro, mas certamente mudará a escala de valores dos consumidores e tende a valorizar posturas mais éticas e sustentáveis das empresas. A liderança do varejo faz toda a diferença na adaptação a essa nova situação”, afirma Serrentino.
Para chegar ao médio prazo, porém, é preciso vencer grandes desafios de curto prazo. Com parte do varejo limitado às vendas online e com consumidores que assumiram um comportamento mais arredio, boa parte do varejo tem um problema de fluxo de caixa que é agravado pelo fato de que esta crise não tem prazo para terminar. “O governo está tomando medidas enormes de injeção de liquidez para irrigar o mercado e dar fôlego às empresas e esses recursos não estão chegando. Além disso, as linhas que poderiam oxigenar as empresas em dificuldade estão muito mais caras”, diz. Na opinião do consultor, há dois caminhos possíveis para eliminar esse gargalo. “Ou o governo e o Banco Central assumem parte do risco e ‘carimbam’ esses recursos, obrigando os bancos a repassar para o mercado a custos e prazos determinados, ou encontram canais alternativos, como na crise de 2008, em que os bancos públicos foram usados para mudar o padrão de crédito que era oferecido. Seja qual for a solução, ela precisa ser rápida, para que o varejo se veja estrangulado”, analisa.
Confira aqui a íntegra da live com Alberto Serrentino.
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Fonte: Redação SBVC