O Brasil colocou três empresas entre as 250 maiores varejistas do mundo em 2018. É a primeira vez que isso acontece em 22 edições da pesquisa Global Powers of Retailing, da Deloitte. Antes, o máximo havia sido duas posições na mão das brasileiras. As Lojas Americanas ocuparam a 178ª posição e foi a brasileira mais bem posicionada. A Raia Drogasil (RD) pegou o posto de número 223 e o Magazine Luiza ficou com a 249ª posição.
Apesar de ter mais brasileiras em destaque, o varejo nacional precisa readaptar seus planos de negócios diante de um novo perfil de consumidor, muito mais digital, e de uma nova realidade socioeconômica. A constatação é de outro estudo da Deloitte, de dezembro do ano passado, chamado de Varejo em Transformação, e que avaliou que 66% das empresas nacionais precisam se adaptar a essa nova realidade. O caso da tríade Americanas, RD e Magazine Luiza é, portanto, um ponto fora da curva na realidade brasileira.
A capacidade de tocar a transformação digital dentro de suas lojas on e off-line e de expandir a rede física com sabedoria permitiram a essas brasileiras alcançar um lugar de destaque. Reynaldo Saad, sócio-líder da Indústria de Consumer da Deloitte, afirma que o sucesso na tarefa de aplicar a transformação digital de Americanas, RD e Magazine Luiza está relacionado principalmente ao pioneirismo dessas empresas em criar uma estratégia de digitalização.
Saiba o que o sócio da Deloitte aponta como diferencial das três maiores empresas do varejo brasileiro.
Lojas Americanas
“Ela é veterana no ranking, tem aparecido nos últimos anos por ser vanguardista no e-commerce. As Americanas conseguiram vencer as barreiras da digitalização ainda antes da crise econômica, quando teve o boom do comércio on-line. Naquela época, a cadeia ainda estava pouco preparada para atender os clientes e a empresa conseguiu passar bem por isso. Desde a pesquisa do ano passado, as Lojas Americanas já despontavam como uma das que mais crescia entre as 250 do ranking. Ela tem uma estratégia bem definida e trata as questões de inovação como mantra”.
Raia Drogasil
“No caso da RD, o que eu percebo é que teve que fazer uma estratégia agressiva nos pontos de venda, com um avanço significativo no número de lojas. Apesar de as margens do varejo de drogarias já ter sido alta, hoje são mais baixas e é preciso fazer volume. Foi isso que a Raia Drogasil fez, com mais lojas e visualmente melhores. Foi buscar outras geografias. Tudo isso fez com que tivessem receitas elevadas e manutenção de margem”.
Magazine Luiza
“O Magazine Luiza teve um ano espetacular, ele conseguiu implementar uma estratégia bem transparente e fazer valer o pioneirismo na implementação da transformação digital, que lhe é bastante peculiar, especialmente em termos de trazer o e-commerce para as lojas físicas. Foi a primeira grande varejista a ter um varejo multicanal bem coordenado, o que fez com que tivesse, ao longo do ano passado, um incremento de valor de ação. É um benchmarking não só para o Brasil, mas para toda a América Latina. E isso não foi feito da noite para o dia, foi tratado lá atrás pelo seu CEO (Frederico Trajano) como algo a ser perseguido”.
Cenário nacional
O avanço das brasileiras parece ser muito mais por méritos individuais das empresas do que propriamente por mudanças relevantes no varejo nacional, que apesar de ter voltado a apresentar bons resultados em 2018, ainda tem dificuldades de inovar, melhorar margem de lucro e gerar empregos.
Segundo Saad, o varejo nacional continua sendo proporcionalmente pequeno em relação a outros mercados pelo mundo, inclusive na América Latina. “A gente poderia estar em situação melhor se não fosse o câmbio, por exemplo. A gente sofreu bastante com o dólar a 4 reais. A pesquisa abrange os meses entre junho de 2017 e junho de 2018 e em 2017 a gente estava ainda sendo fortemente afetado pela recessão. O Brasil conseguiu, por meio das três varejistas, mostrar estratégias bem assertivas”, explica o especialista.
As maiores do mundo
O Global Powers of Retailing coloca empresas dos Estados Unidos nas quatro primeiras posições, com a liderança sendo ocupada mais uma vez pelo imbatível Wal-Mart, que fatura 500 milhões de dólares por ano, quatro vezes mais que a segunda colocada, a Costco. Kroger (3ª) e Amazon (4ª) fecham o grupo de americanas que tomam conta das primeiras posições. A alemã Schwarz fecha o Top Five.
Fonte: Novarejo