28/01/2016
Desde 2004 os catarinenses não precisavam fazer tantas contas e pesquisar antes de comprar os alimentos e produtos de higiene. Mas a pesquisa divulgada ontem pela Associação Catarinense de Supermercados (Acats) confirmou o que as pessoas estão sentindo no bolso: as vendas do setor tiveram queda real (descontada a inflação) de 0,5% no ano passado frente ao ano anterior. Esse resultado negativo após 11 anos de crescimento resulta da inflação muito acima do esperado e da recessão profunda, que acelerou o desemprego.
O recuo das vendas em supermercados no Estado foi menor do que a média nacional apurada pela Abras, a associação brasileira do setor, que registrou queda real de 1,9% no mesmo período, mas confirma que a crise vem causando sofrimento generalizado também em Santa Catarina. A culpa desse processo é do governo da presidente Dilma Rousseff e do seu vice Michel Temer, que não teve planos concretos para promover investimentos no primeiro mandato e controlou preços administrados, especialmente de combustíveis e energia, para ganhar as eleições de 2014. Os estragos vêm de anos, mas se acentuaram em 2015 quando, após a vitória eleitoral, tiveram que liberar os preços.
Os elevados custos de energia e transporte e os problemas climáticos aceleraram altas generalizadas nos preços dos produtos de supermercados e outros, que elevaram a inflação oficial para 10,67%, muito acima da meta do Banco Central, cujo teto é 6,5% ao ano.
Graças ao grande fluxo de turistas neste início de ano, as vendas dos supermercados em SC nesses primeiros meses podem crescer, prevê o presidente da Acats, Atanázio dos Santos Netto. Mas o consumidor continuará sofrendo porque os preços seguirão pressionados pela continuidade de reajustes e o clima. Para este ano, os analistas projetam IPCA de 7,92%, novamente acima da meta. Um dos culpados é o Banco Central, que não está passando ao mercado uma posição firme de que controlará a alta de preços. Além disso, após queda do PIB da ordem de 3,5% em 2015, vai ocorrer recuo semelhante este ano, com projeção de desemprego ainda maior. Esse cenário pode melhorar, mas só se os políticos promoverem mudanças que gerem confiança a investidores. Do contrário, até os supermercados continuarão sofrendo.
Diário Catarinense – SC