+ Economia por Marta Sfredo
veiculado em 12/01/2016 02:00
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ECONOMIA
Marta Sfredo
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3218-4701
ZERO HORA 14 TERÇA-FEIRA,
12 DE JANEIRO DE 2016
VAI UM BARRIL DE PETRÓLEO POR US$ 20?
Na época em que foram feitas as
primeiras projeções de que o valor do barril de petróleo podería cair para a faixa de US$ 20, o mercado reagiu com o mesmo ceticismo reservado, poucos anos antes, à estimativa de que podería alcançar US$ 500. Mas ontem o Morgan Stanley chancelou a expectativa: no dia em que a cotação do Brent fechou em US$ 31, projetou que a desvalorização da moeda chinesa frente ao dólar pode, sim, levar o preço à faixa entre US$ 20 e US$ 25.
Parece quase um choque do petróleo ao contrário: os dois episódios unânimes, em 1973 e 1979, foram provocados por altas abruptas e rápidas. Embora a queda não tenha sido repentina, a volta do preço do barril para o patamar abaixo de US$ 30, em termos nominais, seria inédita no século 21.
Isso sem contar a atualização dos valores, o que significa que o barril está mais barato hoje, feita a correção do valor em dólares, do que em boa parte da década de 1990.
Petróleo caro só é bom para petroleiras, mas quando se torna excessivamente barato é sinal de que algo não vai bem na economia planetária. Se a desaceleração da China pode desestabilizar esse mercado, é só a gota de óleo final em um cenário que já vinha conturbado por guerra de mercado, mudança climática e os interesses geopolíticos que sempre determinaram as cotações.
0 problema da China vai além do desempenho errático de suas bolsas de valores. E o país que segurou a economia global quando suas locomotivas tradicionais Estados Unidos e Europa emperraram dá sinais de falta de fôlego quando ainda não há segurança sobre o grau de recuperação dos líderes tradicionais. No Brasil que já se preparava para um 2016 complicado por fatores internos, é um ingrediente adicional de cautela. Não precisava, certo?
SUCESSÃO NA PANVEL
O Grupo Dimed confirmou ontem que a rede de farmácias Panvel, a distribuidora de medicamentos Dimed e o laboratório farmacêutico Lifar passaram a ter Julio Mottin Neto como presidente executivo neste mês. Ele assume o cargo do pai, Julio Ricardo Andrighetto Mottin, que passa à presidência do conselho de administração. Julio Neto, que respondia como vice-presidente executivo, é formado em Economia pela PUCRS, e especialização na Harvard Business School. E não está no currículo mas é fato: gosta de desafiar uma onda. E de extrair do surfe lições para os negócios: O surfe ajuda a passar pelas ondas do mercado. Precisa saber como ficar e o que fazer quando a onda fechar.
£ MÉDIA SALARIAL
Em R$, por cargos e por áreas, consideradas parcelas fixa e variável
DIRETOR
Jurídico
Finanças, controle e auditoria
TI e telecomunicações
53.093
33.200
■mhb^hi 58.087 40.084
46.407
36.004
GERENTE
i 18.155 16.038
i 19.077 16.829
mb 23.831 17.801
RH
45.552 35.503
Marketing e vendas
Industrial, produção e manutenção
Logística
Engenharia
Admnistração
43.843
43.878
mh 43.613 36.852
38.546
39.545
38.226
37.794
■ 36.554 31.863
i 19.171 17.120
19.698
20.140
19.226 1 20.086
■ 18.668 16.283
■i 22.207 18.494
17.191 12.289
As dificuldades pelas quais a economia passou em 2015 elevaram o desemprego e alteraram salários para cima e para baixo. O novo Estudo de Remuneração divulgado pela consultoria Resolution, que abrange Porto Alegre e Região Metropolitana, apontou algumas mudanças interessantes.
O que chama mais atenção é a variação dos ganhos registrados em cargos sênior das empresas, como diretor e gerente.
A remuneração média mensal dessas posições teve forte alta em relação à observada em 2014, enquanto a dos cargos mais básicos ficou praticamente estável com quedas em alguns casos. Segundo Isabel Degrazia, da Resolution, a elevação na parte de cima dos
organogramas, ocorreu, em parte, devido a cortes de custos das empresas, que reduziram o número de empregados em cargos mais bem remunerados, mantendo apenas os mais qualificados o que faz subir a média.
Nas médias por área de atuação, chamou atenção a elevação do salário médio de diretores jurídicos. A Resolution avalia que isso se deu, em parte, pelo aumento da amostra de pesquisa em 2015 ante o ano anterior em 2014, poucas declararam ter algum empregado nessa posição. No entanto, é preciso lembrar que o ano passado foi marcado pela regulamentação da Lei Aiticorrupção, o que exigiu agilidade das companhias em adaptar suas estruturas legais.
SOBE E DESCE NO CONTRACHEQUE
0 MELHOR ANO
No geral, a comemoração no final de 2015 foi porque chegou ao fim. Mas há empresas que tiveram o que festejar. Na semana passada, foi a imobiliária Ghisleni, de Gramado, que relatou ter tido o melhor ano de sua história. Ontem, foi a vez da japonesa Honda anunciar que 2015 bateu todos os recordes de seus 18 anos de produção no Brasil: vendeu 153.395 veículos, crescimento de 11% em relação a 2014 e participação de mercado de 6,2%, a maior de sua trajetória no país. O milagre atende pelo nome de HR-V, que teve até fila de espera no ano em que a indústria automobilística amargou queda de quase 30%.
O setor
metalmecânico de Caxias do Sul, que sofre com a crise, teve ontem um dia de alívio. O relatório do grupo de trabalho de Casa Civil, mais ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento contra o aumento da alíquota do Imposto de Importação do aço foi saudado pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), mesmo ainda sem decisão final.
Mas as siderúrgicas seguem em trabalho de convencimento em sentido oposto.
COM 0 MAIOR ESTANDE COLETIVO DA C0UR0M0DA, 56 MICRO E PEQUENAS INDÚSTRIAS CALÇA DISTAS GAÚCHAS QUE PARTICIPAM DA FEIRA FICARAM OTIMISTAS COM 0 INÍCIO DOS NEGÓCIOS. N0 PRIMEIRO DIA, A MÉDIA DE VENDAS POR EXP0SIT0RA PASSOU DE R$58 MIL, SUPERANDO 0S CERCA DE R$56 MIL D0 PRIMEIRO DIA DA EDIÇÃO ANTERIOR. EM CONJUNTO, VENDERAM R$ 2,15 MILHÕES.
0 BNDES aprovou financiamento de
R$ 42,37 milhões
para a implantação do Parque Eólico Pontal 2A, em Viamão (RS). 0 projeto é da Enerplan Energia, ligada à Oleoplan. Em tese, tem de estar pronto até novembro.
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MUDANDO 0S MÓVEIS
A fabricante de móveis para escritório Marelli comprou 54% da Ingecon, focada em mobiliário para lojas. O contrato foi fechado em 16 de dezembro, mas só ontem comunicado aos funcionários. Com a aquisição, a Marelli deflagra a expansão prevista na época da entrada da gestora de recursos Neo Investimentos, com 12% do capital total, em 2014.
Com 29 anos, a Ingecon tem fábrica em Canoas e 270 funcionários. Entre seus clientes, estão Renner,
Zara, Paquetá, Coppel, Marisa e Tramontina.
Elvio Passos, sócio da Ingecon, mantém 46% de participação. A gestão passa a ser compartilhada entre Passos e a Marelli, com comando do CEO contratado Rafael Müssnich. Decisões estratégicas serão tomadas pelo conselho de administração. Agora, intenção é duplicar o tamanho da empresa canoense nos próximos três anos. O valor do negócio não foi informado.
Zero Hora – RS