23/12/2015 | 12:04
O Banco Central (BC) espera por maior retração da economia este ano. A projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 2,7%, divulgada em setembro, para 3,6%. A informação é do Relatório de Inflação divulgado nesta quarta-feira (23). Para 2016, a estimativa de queda do PIB é 1,9%. A produção agropecuária deverá aumentar 0,5% no próximo ano. Já a indústria terá queda de 3,9%, terceiro recuo anual consecutivo. O setor de serviços deverá recuar 1,2% em 2016, seguindo a dinâmica da produção industrial e do consumo das famílias.
O consumo das famílias deve cair 2%, uma melhora em relação à retração projetada para este ano (3,8%). A projeção para 2016 considera os efeitos da evolução mais favorável da massa ampliada de rendimentos (massa salarial e benefícios sociais recebidos pelas famílias), que deverá repercutir o aumento significativo esperado para o salário mínimo, e da trajetória mais benigna da inflação, afirma o relatório. O salário mínimo deve subir de R$ 788 para R$ 871, em janeiro. A projeção do BC para a inflação este ano é 10,8% e para 2016, 6,2%.
Os investimentos – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) devem apresentar recuo de 9,5%, em 2016. Neste ano, a projeção é de retração de 14,5%. A perspectiva é que choques que impactaram acentuadamente a evolução dessa componente da demanda em 2015 não se repitam com a mesma intensidade em 2016, revela o BC. A retração anual repercute, em especial, o cenário negativo para a construção civil e o recuo acentuado na absorção de bens de capital, em ambiente de encarecimento do crédito e níveis historicamente reduzidos da utilização da capacidade instalada, acrescenta o documento. O menor dinamismo da economia brasileira seguirá causando impacto nas importações de bens e serviços, que deverão recuar 11% em 2016, contrastando com a projeção de crescimento de 2% para as exportações, prevê o BC.
A inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), este ano vai chegar a dois dígitos e passar longe do teto da meta de 6,5%. A projeção é que a inflação feche este ano em 10,8%. A estimativa divulgada em setembro era 9,5%. A última vez que a inflação ultrapassou dois dígitos foi em 2002, quando chegou a 12,53%. Para 2016, a estimativa para o IPCA subiu de 5,3% para 6,2%. Em 2017, a inflação deve ficar em 4,8%.
Essas projeções são do cenário de referência, elaborado com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (14,25% ao ano), e o dólar a R$ 3,90. O BC também divulga estimativas do cenário de mercado, em que são usadas projeções de analistas de instituições financeiras para a taxa Selic e câmbio. Neste caso, o IPCA também deve ficar em 10,8%, ante 9,5% previstos em setembro. Para 2016, a estimativa de mercado foi ajustada de 5,4% para 6,3%. Em 2017, a inflação deve ficar em 4,9%. O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu como meta de inflação 4,5% para 2016 e 2017, sendo que o limite de tolerância é 2 pontos percentuais no ano que vem e 1,5 ponto em 2017. Quando a meta é ultrapassada, o presidente do BC tem de enviar carta aberta ao ministro da Fazenda, com as explicações para o descumprimento. A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando a inflação atingiu 9,3%.
Preços administrados
O BC projeta que o preço da gasolina vai subir 20,7%, este ano, e estimativa para o preço da energia elétrica é 51,6%. A projeção para o conjunto dos preços administrados é 18,2%, ante a estimativa anterior, divulgada em setembro, de 15,4%.
Para 2016, a projeção para a variação do conjunto é 5,9%, ante 5,7% considerados no relatório anterior. Essa projeção considera, para combustíveis, que os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel encontram-se acima dos praticados no mercado internacional, restringindo, dessa forma, eventuais elevações, afirma o relatório. Para os preços da energia, revela o BC, a projeção de 4,6% para 2016 leva em conta redução da tarifa em dólar da usina de Itaipu e ausência de mudanças no valor definido pelo sistema de bandeiras tarifárias em 2016, muito embora os riscos hídricos tenham evoluído favoravelmente e tenha ocorrido desligamento de usinas térmicas de maior custo. A projeção de reajustes dos itens administrados, em 2017, é 5%.
Revista Amanhã on-line – RS