23/12/2015 às 05h00 Por Adriana Mattos | De São Paulo Terceira maior rede de supermercados e hipermercados do país, o Walmart está definindo um plano de fechamento de lojas que deve atingir 30 unidades em 2016. Isso equivale a 5% dos 544 pontos de venda no país, antecipou ontem o Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor Donos dos imóveis que abrigam as lojas que devem ser fechadas no Nordeste e no Sul do país foram informados sobre a decisão e já procuraram outras varejistas para tentar negociar novos contratos de locação. O Walmart é dono da cadeia Bompreço, no Nordeste, e das bandeiras BIG, Nacional e Mercadorama, no Sul. Em 2013, a varejista fechou 25 lojas e abriu 22. Em 2014 e neste ano não houve, praticamente, abertura de lojas. Na empresa americana, o maior grupo varejista do mundo, decisões desse tipo são discutidas em parceria com a subsidiária, mas a matriz tem a palavra final. Há cerca de dez dias, o Valor noticiou que a companhia tem um plano global de revisão de portfólio como informado a investidores pelo presidente mundial Doug McMillon semanas atrás e que envolverá fechamento de lojas no mundo. O comando do Walmart nos EUA já informou que pode sair de determinados países, se considerar necessário. Analistas observam que isso deve afetar mercados da América do Sul há operações no Chile, na Argentina e no Brasil. Questionada a respeito das informações apuradas sobre fechamento de 30 lojas no país, a empresa informa que, “como dito pelo presidente global do Walmart, Doug McMillon, em outubro, a empresa está constantemente revisando seu portfólio e tomando decisões baseadas no que é melhor para o negócio e para os clientes”. O Walmart estuda também alugar parte de seus terrenos no Brasil, onde estão instaladas lojas mais antigas da rede, para a instalação de pontos de outras redes, gerando receita extra. Há negociação em andamento com as redes de material de construção Sodimac e a Dicico, envolvendo as lojas do Walmart no Sul e no Nordeste, segundo uma fonte. Neste ano, o Walmart já vendeu à BW Properties, que tem como um dos sócios a construtora WTorre, mais 41% de um imóvel no Morumbi, em São Paulo, por R$ 106 milhões. A BW já tinha 59% e pagou o negócio à vista. Para Craig Johnson, presidente da Customer Growth Partners, empresa de pesquisa e consultoria, o Walmart registra bom desempenho em vendas “mesmas lojas” (abertas há mais de um ano) na maioria de suas principais áreas de atuação por quase dois anos, mas há atrasos em várias áreas, “talvez mais notadamente no Brasil”. Ele disse ao Valor que “a entrada do Walmart no Brasil muitos anos atrás se enquadra na categoria de ‘parecia uma boa ideia na época’. Tentase consertar problemas intratáveis no Brasil, que existem antes mesmo da crise econômica atual. Isso tem se revelado num desafio muito difícil”. Para Johnson, há “muitas oportunidades internacionais em locais onde o grupo está melhor posicionado do que o Brasil. Num retrospecto, o Brasil pode ter provado ser algo complicado e desafiador demais para ser executado”. No país desde 1995, a varejista enfrenta dificuldades, após expansão acelerada nos anos 2000 e lentidão maior no processo de integração de redes compradas. A empresa está em reestruturação há pelos menos quatro anos no país e tenta implementar, desde 2011, a política do “preço baixo todo dia”, que, em teoria, não admite promoções. Dados do terceiro trimestre mostram números fracos no país, onde as vendas líquidas caíram 0,4% desempenho abaixo de Carrefour e do Grupo Pão de Açúcar. No conceito “mesmas lojas”, as vendas diminuíram 0,6%.
Valor Econômico – SP