18/12/2015 20:00
Por: Alessio Tanganelli
A gestão de Carreira & Sucessão está passando por uma mudança fundamental, impulsionada pela escassez de competências, pela guerra global por talentos e por uma nova geração de funcionários que valoriza mais a flexibilidade e uma maior variedade de experiências de trabalho do que o tradicional modelo de progressão linear de carreira. Por isso, se antes a principal preocupação dos gestores de RH era o fortalecimento do pipeline de lideranças, agora eles precisam redefinir a gestão de Carreira & Sucessão para melhorar tanto a retenção de talentos em todos os níveis como o envolvimento com a empresa.
Essa é a conclusão do relatório sobre Gestão de Carreira & Sucessão publicado pelo Top Employers Institute. O estudo é baseado em uma pesquisa global de boas práticas em Recursos Humanos feita com 600 empresas em 96 países. O Brasil acompanha essa tendência: aqui, embora ainda prevaleçam os planos de sucessão para posições críticas ao nível da gestão, 54% das empresas já os estenderam para posições críticas em funções especialistas. Posições críticas em nível de gestão e nível executivo exibem os maiores percentuais: 85%, nos dois casos.
Duas mudanças globais estão forçando os gerentes de RH a repensar as estratégias de gestão de carreira e sucessão: a) a falta de competências e a competição global pelos melhores talentos, além do maior risco de se perder conhecimento crítico para os negócios devido ao envelhecimento da força de trabalho; e b) uma nova geração de trabalhadores que está buscando diversas experiências de trabalho e flexibilidade, e que está assumindo uma maior responsabilidade pela gestão de sua própria carreira, o que resulta em menor lealdade com a empresa e menor interesse na escalada tradicional, passo-a-passo, dos tradicionais planos de carreira.
No Brasil, as empresas já perceberam isso e avançaram significativamente em relação aos formatos tradicionais de desenvolvimento de carreira, embora estes ainda sejam mais comuns: 88% definiram planos de carreira verticais, mesmo percentual das empresas que definiram planos de carreira horizontais, mas 77% já possuem planos de carreira laterais. Estas mudanças estão fazendo com que a gestão de Carreira & Sucessão se torne cada vez mais importante dentro do RH, uma vez que seu papel evolui do antigo foco na garantia de uma sucessão de lideranças tranquila para a retenção de pessoal no longo prazo. Para isso, os RHs brasileiros estão fazendo uso de diversas estratégias e abordagens.
Segundo o relatório, 96% esperam que seus gerentes promovam ativamente o desenvolvimento da carreira dos membros da equipe; 81% usam os modelos e métodos padronizados para identificar high potentials; 69% perfis de trabalho e competências associadas são avaliadas periodicamente para garantir que continuem relevantes. Para os gestores de RH, não é mais possível se apegar apenas aos melhores desempenhos, aplicando o conjunto tradicional de incentivos. Faz-se necessária uma abordagem mais ampla para o desenvolvimento do funcionário, com maior consciência das necessidades que mudaram e dos valores da geração mais jovem de trabalhadores. Os gerentes de RH têm que deixar de ser caçadores de talento para se tornarem produtores de talento.
*Alessio Tanganelli é diretor regional de Itália, Espanha e Brasil do Top Employers Institute
Revista IstoÉ Dinheiro – SP