Quando foi divulgado o bloqueio do WhatsApp na noite de ontem, muitos brasileiros ficaram perdidos. Diversos usuários dependem do aplicativo para vendas ou para se comunicar com parentes no País, por morarem no exterior.
Sem WhatsApp, os empresários Filipe Carvalho e Gisele Viana, donos da Belle Berry Store, que vende roupas pela internet, passaram a manhã de ontem tentando fazer contato com clientes e testando alternativas ao aplicativo de mensagens. Estou até meio atordoada com isso,disse Gisele. Tivemos de trabalhar dobrado à tarde para atender todo mundo.
4 Há dez meses, ela deixou a carreira na área de recursos humanos, para se dedicar ao ecommerce de moda com o marido. Por enquanto, o site serve só de mostruário e praticamen[SOFT]
te 95% das vendas são fechadas pelo WhatsApp, para todo o Brasil. De início, nem acreditamos que o bloqueio ia acontecer mesmo. Nesta época do ano, com a proximidade do Natal, Gisele tem conversado com 50 clientespor dia pelo aplicativo. Sem ele, o jeito foi usar o canal de mensagem do Facebook e do Instagram, que são usados para expor os produtos. Ontem, vimos o quanto o WhatsApp é importante para a gente. Virou uma ferramenta
de trabalho.
Foi o caso também da empresária Gabriela Cavalcanti, de 29 anos. Moradora de Poá, na Grande São Paulo, ela é dona da loja de acessórios G. Cavalcanti, que realiza uma média de 220 vendas por mês. Duranteas quase 13 horas em que o app ficou fora do ar, Gabriela viu as clientes se comunicando por várias outras plataformas, como SMS, Snapchat, Instagram e e-mail. Deu mais trabalho, já que geralmente fica tudo concentrado no
WhatsApp, diz ela, que nãoacredita que a falha tenha atrapalhado as vendas. As clientes acharam maneiras de falar comigo.
Família. Para quem mora no exterior, falar com a família também foi um problema ontem. O estudante universitário Willian Amaral, de 20 anos, está morando no Estados Unidos há dez dias e passará três meses estudando por lá. Falo com minha família e amigos mais próximos quase 100% das vezes via WhatsApp, comenta.
Para alguns profissionais, no entanto, o bloqueio do WhatsApp foi até positivo. A proprietária de uma empresa de síndicos profissionais Natachy Petrini recebe mais de 200 mensagens por dia, seja de moradores ou prestadores de serviços para condomínios. O atendimento de um síndico deve ser realizado via e-mail, telefone e livro de ocorrências da portaria, diz.
Com o uso do aplicativo, as pessoas deixam de utilizar os canais oficiais de comunicação e, mesmo quando orientadas sobre isso, terminam fazendo as solicitações via WhatsApp, comenta Natachy. Com o bloqueio do app, o procedimento correto para fazer pedidos foi respeitado pela primeira vez pelos condôminos. Hoje até parecia feriado, disse. / matheus
MANS E NAIANA OSCAR
O Estado de S. Paulo – SP