20/11/2015 às 05h00 Por Robson Sales | Do Rio A queda da renda das famílias, o crédito mais caro e restrito, além da inflação alta, afetam diretamente o comércio. Mas apesar do cenário adverso, a administradora de shopping centers Ancar Ivanhoe mantém o plano de expansão das operações previsto para este ano e 2016, que envolve R$ 700 milhões em investimentos da empresa e de parceiros. A companhia controla 21 centros comerciais no país e planeja inaugurar o 22º em abril do ano que vem em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O centro comercial vai custar R$ 400 milhões metade desse montante será bancado por parceiros , terá 2 mil vagas de estacionamento e 250 lojas. O copresidente da Ancar, Marcelo Carvalho, diz que 76% da área bruta locável já foi comercializada e as negociações seguem dentro do cronograma. Carvalho admite que a retração econômica afeta a receita da companhia, mas vê os investimentos dentro de um planejamento de longo prazo. “Sabemos navegar durante crises”, observa. Para ele, o dólar mais caro pode até beneficiar as vendas do setor. A aposta é que os consumidores deixem de comprar no exterior para consumir em lojas nos shoppings nacionais. O quadro econômico se agravou no período em que a Ancar entrava na etapa final de uma trajetória de crescimento que começou em 2006, quando se associou à canadense Ivanhoe Cambridge e a economia brasileira estava a pleno vapor 14 das 21 unidades entraram no portfólio da empresa a partir de 2007, pela compra, administração ou construção de novas áreas comerciais. A empresa não revela a receita, mas estima que as lojas de seus empreendimentos movimentem R$ 10,5 bilhões em 2015 e recebam 3 milhões de pessoas por mês. Além do novo shopping no Rio, o plano de expansão da companhia incluiu a compra de três empreendimentos no Ceará, que eram apenas administrados pela Ancar. Também será ampliado o Iguatemi Porto Alegre, do Rio Grande do Sul. A estratégia da Ancar é operar grandes centros comerciais nas principais regiões metropolitanas do país. “Os shopping grandes são mais resilientes em momentos de recessão, sofrem menos nas crises e se beneficiam mais nas retomadas. O consumidor gosta, por natureza, de opção”, diz Carvalho. Cerca de 20% das vendas do varejo no país ocorrem dentro de shoppings. Ele também vê os shoppings menos expostos à queda do consumo porque oferecem outros atrativos além da venda de produtos, como entretenimento e serviços. A família de Marcelo Carvalho era dona do banco carioca Andrade Arnaud antes de decidir investir, em 1971, num ramo promissor. Comprou parte do Conjunto Nacional de Brasília, o primeiro shopping da capital federal, e aproveitou a primeira onda de crescimento desse setor na década de 80.
Valor Econômico – SP