16/10/2015 às 05h00
Por Denise Neumann | De Tóquio
Uma dona de casa japonesa padrão gasta, em média, um ano da sua vida dobrando roupa. A partir de 2017, as famílias com renda para pagar US$ 10 mil poderão comprar uma máquina capaz de substituir essa tarefa doméstica. Na semana passada, uma parceria da Panasonic Corporation, Seven Dreamers e Daiwa House apresentou o “Laundroid”, a primeira máquina (ou robô) capaz de entregar a roupa pronta para ser guardada no armário, durante a principal feira de tecnologia do Japão, a Ceatec. Ainda escondido dentro de um painel que o resguardou do olhar da concorrência, o robô dobrou e passou uma camiseta básica de malha. Foi uma única demonstração, mas Shin Sakane, presidente da Seven Dreamers, anunciou que a máquina já é capaz de reconhecer 40 diferentes peças de vestuário. “O mais difícil foi ensinar a reconhecer qual roupa dobrar”, contou o executivo. Foram quase 10 anos de pesquisa. O desenvolvimento dessa máquina consumiu uma ínfima parte do que a Panasonic gasta, no mundo, com pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. No ano fiscal de 2015 (encerrado em 31 de março no Japão), 6% da receita mundial de 7,7 trilhões de ienes foram gastos em P&D no mundo, percentual que tem se mantido constante. A presença da Panasonic na feira revela os desafios e as escolhas tecnológicas da companhia. Filas se formavam no seu estande para conhecer a casa integrada, onde equipamentos e câmaras atendem à voz do morador e onde o espelho pode informar quem se coloca na sua frente como está sua pressão e batimento cardíaco, enquanto lhe sugere uma maquiagem ou um novo visual de barba ou bigode. Ao mesmo tempo, nos estandes vizinhos, a japonesa Sharp e a chinesa Boe ofereciam televisores ou displays com tecnologia de 8K (uma sigla que traduz a densidade total de pixels da imagem), enquanto a última geração da Panasonic ainda traz resolução 4K. A avaliação de que a disputa no mercado mundial de áudio e vídeo é muito “dura” fez a empresa alterar sua estratégia global, o que agora está sendo implementado na América Latina, explicou o presidente da Panasonic para a região, Yorihisa Shiokawa. Para reduzir a dependência desse segmento, a companhia tem elevado investimentos e presença em linha branca e no mercado corporativo. No conjunto da América Latina, a empresa planeja aumentar suas vendas em 50% entre 2014 e 2108 metade do previsto para o Brasil. Nesse crescimento, o destaque é o mercado “B2B”, cuja participação deve crescer de 3% para 15%, enquanto o peso de TV, áudio e vídeo deve cair de 52% para 35%. A empresa, que no Brasil ainda é mais lembrada pelo consumidor por sua atuação em áudio e vídeo, não está saindo desse segmento, mas vê um mercado que cresce menos, onde há mais disputa e saturação. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), mais de 97% das casas possuem TVs.
Valor Econômico – SP