15/10/2015 às 05h00
Por Tatiane Bortolozi | De São Paulo
Ao investir R$ 250 milhões na construção de seu sexto empreendimento, a ser inaugurado em abril de 2016 em Criciúma (SC), a Almeida Junior deve ampliar sua participação de 60% para 65% no mercado de shopping centers de Santa Catarina. A partir de 2017, a maior empresa do setor na região Sul inicia as vendas de um centro comercial em Chapecó (SC). Concluído o projeto, será hora de partir para as regiões Sul e Sudeste, seja por meio de aquisições ou de desenvolvimento próprio, conta o fundador e presidente Jaimes Almeida Júnior. Fundada em 1980, a Almeida Júnior construiu seu primeiro shopping em 1993 em Blumenau (SC), o Neumarket. No mesmo ano, transferiu a sede para São Paulo e, em 1999, inaugurou em Ribeirão Preto (SP) o shopping Santa Úrsula. O empreendimento no interior de São Paulo, com cinco andares, sendo quatro de subsolo em vagas de garagem, sobrava em modernidade, mas não tinha ‘a cara da cidade’, disse o executivo. A empresa percebeu que errou na montagem e, enquanto as grandes concorrentes cresciam e abriam capital, foi preciso tomar uma decisão: abrir capital ou mudar de estratégia. A Almeida Júnior vendeu uma fatia de 60% no shopping paulista à Aliansce em 2007 e iniciou uma reorganização para voltar seu foco a Santa Catarina. Reforçou os investimentos, com aportes de R$ 1 bilhão no Estado, nos cinco anos até 2014, usando uma estrutura verticalizada, que cuida da compra do terreno à construção e administração. Com isso, criou uma barreira à entrada de grandes concorrentes. “Chegamos na frente”, afirmou o CEO. “Há duas principais agendas negativas do setor: a queda do consumo e a proximidade do competidor”, disse Almeida Júnior. “Nossa estratégia acabou se provando acertada”, disse a respeito do foco em Santa Catarina, que liderou a geração empregos no país em 2014, segundo o Caged, e mostra mais resiliência econômica que outras regiões do país. Quanto à falta de confiança do consumidor, a questão é política, disse o CEO. “O Brasil empobreceu e vai empobrecer mais em 2016”, segundo Almeida Júnior. “O ano de 2017 será difícil e o país começa a ganhar alguma cor em 2018.” O fluxo de pessoas em shoppings recuou 1,7% em setembro, em comparação a igual mês de 2014, segundo estudo do Ibope Inteligência e da Mais Fluxo. Os 490 centros comerciais do país receberam 318 milhões de visitas em setembro, perda de 5,4 milhões sobre um ano antes. Setembro é historicamente mais fraco para o comércio, por não ter datas comemorativas. O foco do setor neste ano é reduzir as despesas fixas e a vacância. A Almeida Júnior negocia desde 2014 descontos para manter a ocupação dos centros comerciais. A vacância ficou em 4,5% no segundo trimestre de 2015, ante 5,1% no setor em igual período, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Na mesma base de comparação, o aumento do aluguel médio foi de 14,3% comparado a 4,6% no setor. A inadimplência bruta está em 5,8%, ante 7,1% na concorrência. As vendas dos empreendimentos da Almeida Júnior somaram R$ 1,8 bilhão em 2014 e devem atingir R$ 2,5 bilhões em 2015, avanço de quase 40%. O crescimento operacional será próximo a 30%. A empresa inicia a expansão de 10 mil metros de área bruta locável (ABL) no Joinville Garten Shopping no segundo semestre. O projeto em Chapecó terá 40 mil metros de ABL e inicia suas vendas em 2016. “Só batemos a primeira estaca com 70% de ocupação”, disse o presidente. O aprendizado veio depois da sociedade com a australiana Westfield de 2011 a 2013. No shopping Nações, em Criciúma, a ocupação está em 74% da ABL. Depois de Chapecó, a empresa parte para aquisições no Sudeste e Sul ou para o desenvolvimento próprio. A empresa não descarta receber investimento de fundos de pensão ou abrir capital. Por enquanto, não busca parcerias. O último acordo foi com a Westfield, que pagou US$ 448,5 milhões em 2011 por 50% da brasileira. A australiana decidiu que apenas faria sentido investir em empreendimentos globais com mais de 70 mil metros de ABL e os shoppings da Almeida Júnior tinham metragem menor a média do Brasil é de 32 mil metros de ABL.
Valor Econômico – SP