30/09/2015 às 05h00
Por Rachel Sanderson | Financial Times, de Milão
Os visitantes da Eataly em Nova York, um empório de comida italiana de quatro andares na Quinta Avenida, vão ter muitos prazeres à disposição para não darem descanso às carteiras neste fim de semana: uma garrafa de azeite de oliva por US$ 40& 894; uma degustação de vinhos com a especialista Jancis Robinson& 894; um almoço com os chefes de cozinha Mario Batali, Massimo Bottura e Carlo Cracco, todos donos de estrelas Michelin. A julgar pelas multidões presentes na loja desde a abertura há cinco anos, haverá interessados de sobra. A Eataly rede de 23 lojas pelo mundo em que comida e entretenimento se misturam é uma história italiana de sucesso. Fundada há dez anos no Piemonte por Oscar Farinetti, que fez fortuna com eletrodomésticos, a Eataly teve receita de 350 milhões em 2014, sendo mais de 10 milhões em sua loja em Nova York. Agora, Farinetti espera reforçar o grupo com a contratação de Andrea Guerra (que comandou a fabricante de óculos Luxottica por dez anos e assessorou o primeiroministro italiano, Matteo Renzi nos últimos 12 meses) como presidente executivo do conselho. A meta de Guerra, que começa em 1º de outubro, é dobrar a receita da Eataly nos próximos dois anos, preparandoa para uma listagem de ações em Milão. “Nós consumidores damos como certa a funcionalidade dos produtos e nos baseamos nas emoções para comprar”, diz Guerra. “Oscar Farinetti foi um dos poucos a compreender que o mundo de hoje se move por emoções”. Para os executivos da empresa e para possíveis investidores, no entanto, resta uma grande questão: quantos mais desses apreciadores de boa comida movidos por emoções a Eataly vai conseguir encontrar? A empresa vai abrir uma loja em Seul e outra em Munique antes do Natal. Uma segunda loja em Nova York vai ser inaugurada no segundo trimestre de 2016, seguidas de pontos em Los Angeles e Boston. A estreia no Reino Unido está prevista para o quarto trimestre de 2016, na Selfridges. Paris virá a seguir. Farinetti diz que, a essa altura, o grupo já vai estar pronto para uma oferta pública inicial de ações. “É um marco importante”, diz Guerra, que vai ter participação de 5% na empresa. O lucro será o próximo, afirma Luigi Consiglio, analista especializado no setor de alimentos na consultoria GEA. “A oportunidade para a Eataly é imensa”, diz. “Agora, eles precisam buscar lucratividade e Andrea Guerra é a pessoa perfeita para fazer isso.” Para o executivo que virou assessor governamental, até os lemas da Eataly têm particular relevância. Um deles, “A beleza vai nos salvar”, é uma das frases favoritas do primeiroministro Renzi. A empresa vem influenciando a política ou a é a política que vem influenciado a empresa? “A Eataly representa uma nova onda italiana podemos fazer algo novo, podemos construir novas empresas, podemos fazer isso”, diz Guerra, cuja área de responsabilidade no governo Renzi alcançava as empresas, a indústria e as finanças. Sua passagem do setor privado para o governamental e, depois, novamente para o privado tornouo um dos líderes italianos mais influentes. “Eu não tinha chefes há muito tempo e eu gostei deste chefe”, diz Guerra, sobre sua experiência com Renzi. Neste mês, Roma revisou para cima as previsões de crescimento da economia para 0,9% em 2015 e 1,6% em 2016. Guerra diz que a meta de longo prazo do governo é alcançar expansão anual de, pelo menos, 2% a 3%. Ele parece ter ficado impressionado com os colegas do setor público com os quais trabalhou. “Quando eles planejam o médio prazo, prefiro gente do setor privado, mas para lidar com emergências, nunca vi melhores pessoas na minha vida”, diz sobre sua experiência ao trabalhar em Roma.
Valor Econômico – SP