09/09/2015 às 05h00
Por Tim Bradshaw | Financial Times
Em 1977, aos 21 anos, Steve Jobs anunciou o Apple II na West Coast Computer Faire, realizada no Civic Auditorium de San Francisco. O dispositivo lançou o mercado de computadores pessoais e colocou a Apple num caminho que, 38 anos depois, criou a companhia mais valiosa do mundo. Esta semana, a Apple retorna ao local, agora renomeado Bill Graham Civic Auditorium, para apresentar sua mais recente série de produtos. Mas enquanto o Apple II foi o primeiro grande sucesso da companhia no mercado de massa, o evento de hoje deve mostrar o nono iPhone e sua terceira tentativa de entrar com tudo no mercado de TVs. O PC era novidade em 1977, mas em 2015, tirar mais inovação de um mercado tão bem estabelecido e competitivo quanto o de smartphones não é uma tarefa fácil. Mesmo assim, a Apple precisa continuar fornecendo mais motivos para seus clientes aperfeiçoarem seus iPhones, se o dispositivo quiser continuar crescendo. O iPhone 6S deverá se concentrar em melhorias em tecnologia “touchscreen”, câmera e processador, em vez da mudança total de design vista no ano passado. Isso é típico para um ano dedicado ao upgrade do “S”, mas mesmo assim há quem imagine se a Apple poderá desencadear mais uma grande onda de demanda após aumentar o tamanho da tela do iPhone no ano passado. “Não acho que haverá uma repetição que vá explodir o mercado”, diz Benedict Evans, um comentarista do setor de telefonia móvel e sócio da investidora em tecnologia Andreessen Horowitz. Mesmo assim, o CEO da Apple, Tim Cook, disse a investidores em julho que há “muitos, muitos, muitos anos” de crescimento para o iPhone. “Toneladas de inovações poderão ser feitas no aparelho”, disse ele em teleconferência sobre os resultados da companhia. “Acho que estamos nos primeiros ciclos dele, e não nos últimos.” Os aficionados pela Apple afirmam que há muita demanda reprimida dos clientes existentes com modelos mais antigos. Cook disse em julho que apenas 27% da base instalada da Apple fez o upgrade para o iPhone 6 ou o 6 Plus, deixando “muito espaço”. Bem Wood, analista da CCS Insight, observa que os clientes da Apple tendem a ser muito leais. “Sabemos que o iPhone é como se fosse o Hotel California dos smartphones uma vez que você está dentro, é muito difícil sair”, disse. “É quase certo que quem tem um iPhone 4S ou 5 fará um upgrade.” Isso ajuda a isolar a Apple da maior desaceleração do mercado de smartphones. Pesquisadores da IDC preveem que seu crescimento será de 10,4% este ano, depois de um avanço de 27,5% em 2014. As estimativas de Wall Street, que apontam para um crescimento das vendas unitárias do iPhone de 5% a 10% no em 2016, serão uma desaceleração significativa em relação ao crescimento de 35% obtido pela Apple no trimestre mais recente. Mesmo assim, isso ainda parece interessante para a maioria dos outros fabricantes de smartphones, diz Wood. O tamanho do Civic Auditorium com capacidade para 7.000 pessoas levou a especulações de que este poderá ser um dos maiores eventos já organizados pela Apple. Isso pode sinalizar o lançamento de produtos em toda a carteira da Apple, englobando os Macs, iPads e o Watch, além dos esperados upgrades para o iPhone. Mas a atualização mais interessante estrategicamente será a Apple TV. Lançada no mesmo ano que o iPhone original, o console de TV lançado a US$ 99 mas que teve o preço reduzido para US$ 69 este ano vem tendo vendas modestas. Fontes a par dos planos da Apple afirmam que seu novo console será um dispositivo mais ambicioso, englobando uma App Store completa, controle de voz baseado no Siri, capacidade de rodar videogames e controles de “connected home”, em vez de ser apenas um box para streaming de vídeo usado principalmente para o NetFlix, iTunes e YouTube.
Valor Econômico – SP