17/08/2015 16:48
Por Cynthia Malta
SÃO PAULO Grandes redes de fastfood que operam no país estão conseguindo aumentar o faturamento
porque estão abrindo novos restaurantes, ainda que em ritmo cada vez menor. Em julho, houve aumento real de
2%, considerando pontos novos e os abertos há mais um de ano. Mas se os restaurantes novos não são
considerados, o faturamento cai 5%, em relação a julho do ano passado.
Os dados foram compilados pelo Instituto FoodService Brasil (IFB), entidade criada há dois anos e que reúne 33
empresas do setor, entre restaurantes de fastfood, fornecedores de alimentos e bebidas (como Nestlé, CocaCola,
Unilever e Marfrig) e operadores logísticos. Juntas, essas empresas faturam, por ano, R$ 50 bilhões e empregam
200 mil pessoas.
As redes Bob’s, Burger King, Giraffas, Arcos Dorados (que opera o McDonalds na América Latina), Subway,
Outback, IMC (dona das redes Viena e Frango Assado), Habibs e Spoletto são associadas ao IFB e formam a base
de dados para medir o desempenho do setor de fastfood no país.
Na comparação mesmas lojas, na qual se considera apenas os restaurantes abertos há mais de um ano, o
faturamento cresceu 5,5% em julho, em termos nominais. Se forem consideradas todas as lojas, novas e mais
antigas, o aumento nominal nas vendas é de 12,4%.
Daí a importância de serem abertas lojas para que o faturamento continue crescendo, diz o presidente do IFB,
Tupa Gomes, presidente para América Latina da Reyes Holding, empresa com sede nos Estados Unidos e dona da
Martin Brower, responsável pela logística para abastecer a rede do McDonalds.
Várias cadeias de fastfood, de fato, estão abrindo novos pontos no mercado brasileiro. Subway, Dunkin Donuts,
Hooters, McDonalds, Johnny Rockets, Sbarro, Outback e Dominos Pizza estão entre as redes que abrem novas
unidades no país, informou reportagem do The Wall Street Journal, publicada hoje pelo Valor. A crise tem
ajudado, por exemplo, a baixar o preço dos aluguéis dos restaurantes.
Mas o ritmo de inaugurações, segundo o IFB, vem caindo. Em maio as redes abriram 15,6% mais lojas do que em
maio do ano passado. Em junho, esse percentual foi de 12,3% e em julho mês de férias e um dos picos de vendas
no ano para o setor o número de novas lojas subiu 9,8%. Este percentual é o mais baixo desde setembro
passado, segundo dados do IFB.
As redes de fastfood associadas à entidade informaram que o reajuste médio de seus preços foi de 8,4% em julho
abaixo da inflação geral (IPCA/IBGE), de 9,56% nos últimos 12 meses, até julho; e também inferior à inflação da
categoria de alimentação fora do lar, de 10,4%, segundo o IPCA.
A Arcos Dorados, que opera 871 restaurantes do McDonalds no Brasil, vem praticando promoções de seus
lanches há meses, na tentativa de atrair mais clientes. No segundo trimestre registrou crescimento de 5,3% nas
vendas (excluindo a variação cambial) e um leve aumento no tráfego de consumidores nos restaurantes.
Na semana passada, o CEO da Arcos Dorados, Woods Staton, definiu a situação no Brasil como um pouco
intimidadora. Observou que nós chegamos ao consumidor quando ele vai ao cinema ou ao shopping, e quando
ele reduz isso, obviamente nos afeta. Ele disse que é um otimista a médio e longo prazos.
O quadro delineado pelas associadas do IFB em julho é bem diferente do registrado de 2011 a 2014. Nesse período,
o faturamento do setor de food service cresceu a um ritmo anual médio de 9% de R$ 121 bilhões para R$ 157
bilhões. A fatia da alimentação fora do lar nos gastos das famílias chegou a 33,3% no ano passado era de 24,1%
em 2002. Mas neste ano, o pedaço do orçamento dedicado ao lazer, e os restaurantes estão nessa conta, encolheu e
a fatia de 33,3% deve estar menor.
Valor Econômico on-line – SP