29/07/2015 20h10
O Windows 10 chegou. São 30 anos do software mais popular dos PCs. Faça um passeio no tempo com as versões anteriores
A Microsoft lançou hoje o Windows 10, nova versão do seu sistema operacional. Se você tem as últimas versões do Windows (7, 8 e 8.1), a atualização sairá de graça. Se ela é anterior ou você comprou sua cópia na banquinha do camelô, terá de pagar R$ 330 para a versão Home e R$ 600 na Professional. Quem tem os três Windows mais recentes, pode se increver online para a fila. É provável que você receba um aviso para atualizar o sistema em breve.
O anúncio do Windows 10 me fez lembrar de Kevin Arnold, personagem da série Anos Incríveis, que descrevia momentos da sua infância e adolescência. Eu e o Windows somos contemporâneos. O Windows tem 30 anos. Eu também. Se tivéssemos estudado na mesma escola, poderíamos ter caído na mesma sala. Provavelmente não seríamos amigos. O Windows sempre foi mais de exatas, com as planilhas do Excel e tudo mais. Também era meio travadão. Eu era mais de humanas e sempre falei mais do que a boca. Isso não nos impediu que nossos caminhos se cruzassem ao longo da vida.
Comecei a usar o Windows, assim como muitos brasileiros de classe média na casa dos 30, na versão 3.1. Foi logo após a abertura econômica, quando produtos importados, inclusive os de informática, começaram a chegar no Brasil. Era aquela versão que você alternava entre o DOS (digitava cd\qualquercoisa) e o sistema operacional. Eu usava, basicamente, para jogar campo minado, Indy 500, Wolf 3D e desenhar no Paintbrush.
Depois fui direto para a estrela maior da história da Microsoft, o Windows 95. Estava revendo o vídeo de lançamento do Windows 95 no YouTube. Que evento! Bill Gates e celebridades americanas apresentando aquele que transformou a Microsoft no que ela é hoje. O mundo da tecnologia girava em torno do software. Computadores eram caixas cinzentas e marrons. Em algum momento, ganharam recursos multimídia (faz uns cinco anos que não uso essa palavra), como o saudoso IBM Aptiva. As enciclopédias vinham numa maravilha da modernidade chamada CD-ROM. Quem mandava no jogo da computação pessoal era a Microsoft. A Apple, coitada, tentava ali atrair alguns aficionados do mundo do vídeo e design. Mas o mundo daquela época era do Windows.
Novas gerações
E assim fui passando pelo Windows 98, o Windows Millenium, o Windows 2000 até chegar no Windows XP, lançado em 2001. O Windows XP foi uma obra-prima da tecnologia. Ele tinha um design incrível, com o tema Alegria, que trazia uma paisagem verdejante no céu azul. Era leve, extremamente eficiente e fácil de usar. Foi nessa época que os computadores começaram a se tornar objetos menos desprezíveis. Design passava a fazer diferença na hora da compra. A união de um software mais bonito com um computador menos feio tornou o PC o centro das atenções de muitas casas.
A relação com o Windows começou a desandar em 2005, quando surgiu o Windows Vista (cruzes!). Foi aí que a Microsoft, para usar uma expressão familiar, deu tela azul. A Microsoft criou um troço que exigia uma memória RAM mínima de 1 GB (2 GB recomendável) quando a maior parte dos computadores da época tinha 512 MB. Usar o Windows Vista (ai!) era como dirigir um carro 1.0 na ladeira, com ar condicionado ligado e cinco jogadores de basquete no banco de trás. Steve Ballmer, ex-presidente da Microsoft, disse numa entrevista no ano passado que o Windows Vista (aff!) era o seu maior arrependimento. Eu não poderia concordar mais contigo, Steve.
Voltei para o XP e por lá permaneci. A Microsoft levou quatro longos anos para apresentar uma solução para aquilo. Uma espera de Copa do Mundo, de eleição para presidente. Tempo o suficiente para eu vender minha alma para a Apple. Quando o bom Windows 7 estreou, em outubro de 2009, já gastara todas as minhas economias comprando um MacBook Pro, fiel escudeiro que me acompanha até hoje.
Em dado momento, há dois anos, me ocorreu de comprar um PC. A ideia era ter um desktop para trabalhar e parar de usar o notebook no sofá. Encarei o Windows 8 num computador com configurações bem razoáveis por um preço justo. Não levou 15 minutos para eu sentir a primeira vontade de arremessá-lo pela janela. A Microsoft resolveu mexer no centro de todos os comandos do Windows, o botão Iniciar. Mexer é força de expressão. A Microsoft apertou o delete, esperando que a gente soubesse como usar aquela coisa toda colorida e cheio dos botões gritando na sua cara. Foi como ouvir a primeira apresentação do Raimundos sem o Rodolfo.
Não consegui. Não era intuitivo. O tempo foi passando. Fui voltando para o MacBook. A incapacidade do Windows de conversar de forma fluente com outros sistemas para smartphones também atrapalhou.
Meu computador com Windows tornou-se um móvel no escritório usado de forma esporádica. Pensei em vender, mas lembrei que a redenção do Windows estava a caminho, com o Windows 10.
Acompanhe o raciocínio na sequência das últimas versões:
Windows 95: demais;
Windows Millenium: meh;
Windows XP: te amo, Bill;
Windows Vista: poxa, Bill.
Windows 7: melhorou
Windows 8: socorro!
Logo…
Seja bem vindo, Windows 10. Seja bem vindo de volta, botão “Iniciar”!
Revista Época on-line – SP