16/07/2015
A equação é simples: quanto mais tempo o usuário passa dentro do Facebook, mais a empresa pode cobrar por anúncios e mais gordo vai ser sua receita no fim do trimestre. Para manter o interesse dos usuários alto, o Facebook parece estar na direção de criar versões próprias de serviços populares online, mas que funcionem dentro da rede social. Nessa semana a gente teve indício de dois.
Segundo o site The Information, o Facebook está preparando um assistente pessoal, como a Siri da Apple ou a Cortana da Microsoft, que funcionaria só dentro do Facebook Messenger. A tecnologia atende pelo codinome Moneypenny (em homenagem a uma personagem do James Bond). O usuário poderá perguntar sobre produtos e serviços e humanos responderão onde comprar X ou Y. Não está claro ainda quem seriam esses humanos respondendo se gente do próprio Facebook ou de lojas parceiras.
A segunda novidade é que a empresa de Mark Zuckerberg também está testando lojas dentro das suas páginas, nas quais a dona de uma butique, por exemplo, poderia montar uma vitrine com seus produtos. A função ainda está em testes e o Facebook já permitia algo similar, mas com tecnologia de terceiros. Dessa vez, as lojas dentro das páginas do Facebook usarão tecnologia própria e permitirão que a compra seja finalizada lá dentro. É como uma Amazon, em uma escala muito menor, é verdade, sem sair da rede social.
Deu para ver a conexão entre as duas notícias? Ambas facilitam bastante o processo de encontrar e comprar algo. Há alguns meses, o Facebook já tinha introduzido a transferência de dinheiro pelo Facebook Messenger, emulando aplicativos que fazem um sucesso tremendo nos EUA, como o Venmo. Essa dinâmica de buscar pela Moneypenny e encontrar na página do Facebook da loja só funciona por que existe um sistema de troca de dinheiro interno.
Esse liga-pontos indica um plano que, caso o Facebook execute corretamente, leva a uma recompensa gigantesca. O mercado de anúncios digitais, de onde o Facebook tira sua receita hoje, movimenta cerca de US$ 60 bilhões. Já o e-commerce vale mais de 7 vezes isso. Pode-se esperar que o Facebook pegue para ele um pedaço de cada transação iniciada dentro da rede social, o que lhe dará uma nova fonte de receita. Óbvio que a Amazon, o Walmart e qualquer outro player do setor não deve estar muito feliz com a perspectiva.
uem também não está muito feliz com o Facebook é o YouTube. No último ano, o consumo de vídeos no Facebook cresceu de forma espantosa são mais de 4 bilhões de vídeos vistos por dia. Há 10 meses, era 1 bilhão. Frente a esse crescimento espantoso, o Facebook percebeu que tinha um negócio gigantesco na mão. Mas é preciso prepará-lo para atrair anunciantes e criadores de conteúdo. Nas últimas semanas, a rede social foi integrando novas funções no seu player de vídeos, muitas que o YouTube tem há anos.
Essa semana foi divulgado testes com a função Watch later (Assista mais tarde, em tradução literal). Você tem interesse, não tem tempo e marca para ver depois. Em junho, foi a vez de uma página com os resultados do vídeo, um analytics para mostrar se o vídeo teve sucesso ou não. E já existem conversas para veicular campanhas publicitárias antes dos vídeos e dividir a receita. Esse é o modelo de negócios de quem? Que surpresa, do YouTube.
O tempo diário gasto no Facebook está aumentando. Em 2013, eram pouco mais de 17 minutos por dia, em média. No trimestre passado, foram 40 minutos, mais que o dobro. Aos poucos, a rede social vai deixando de ser só uma rede social e vai acoplando serviços que tentam fazer dela uma versão própria da internet.
Revista Época Negócios on-line – SP