16/07/2015
Taxa de 7% no trimestre que termina em junho supera previsões de especialistas graças a efeitos de estímulos
O crescimento econômico da China mostrou força no segundo trimestre porque os responsáveis pela política econômica redobraram seu apoio e um boom do mercado acionário (que desde então azedou )incentivou os serviços. O PIB cresceu 7% nos três meses encerrados em junho em relação ao ano anterior, disse a Secretaria Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês) ontem, sem mudanças em comparação com o primeiro trimestre e acima das estimativas de 6,8% feitas pelos analistas.
A produção industrial aumentou 6,8% em junho, e os investimentos em ativos fixos subiram 11,4 % no primeiro semestre. O resultado estimula as perspectivas para a meta de crescimento do primeiro-ministro Li Keqiang para 2015, de cerca de 7%, e para a economia mundial, pois a China está se estabilizando e prevê-se que os Estados Unidos acelerem.
De modo semelhante ao que aconteceu em 2014, o começo lento levou a mais estímulos, já que o governo orquestrou um swap de dívida para as províncias e o Banco Central acelerou a flexibilização monetária.
Os riscos de materialização de perdas estão diminuindo, disse Ding Shuang, economista-chefe do Standard Chartered para a China, em Hong Kong. Espera-se uma recuperação modesta no segundo semestre.
Os serviços se expandiram 8,4% no primeiro semestre, disse a NBS. A indústria secundária, incluindo a produção industrial e a mineração, cresceu 6,1%. A agricultura, 3,5 %.
Os dados apontam para uma clara aceleração do impulso, disse Dariusz Kowalczyk, estrategista do Crédit Agricole CIB, em Hong Kong.
O ritmo desenfreado do trading de ações no segundo trimestre teria ajudado o PIB e apresentado riscos de materialização de perdas no terceiro trimestre, já que o trading de ações deve desacelerar, disse ele.
O Shanghai Composite Index, índice de referência da China, subiu 150% nos doze meses até atingir um pico em 12 de junho, e depois mergulhou em uma correção que eliminou quase US$ 4 trilhões em valor. O índice perdeu 3% ontem.
As vendas varejistas subiram 10,6% em junho, mostraram os dados da NBS. Os economistas tinham previsto 10,2 %. Um exemplo do crescente poder dos consumidores é que a receita da bilheteria de cinema no país subiu para 20,3 bilhões de yuan (US$ 3,3 bilhões) no primeiro semestre, segundo a agência de notícias Xinhua.
Em 2008, quando a crise financeira mundial afetou duramente a economia chinesa, a receita de bilheteria no ano completo foi de apenas 4 bilhões de yuan. Em contraste, ressaltando a depressão dos antigos motores de crescimento da China, a produção de aço bruto se contraiu 1,3% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2014.
Os investimentos em imóveis desaceleraram para 4,6% no primeiro semestre, e os desenvolvimentos iniciados recentemente afundaram 15,8% por área, incluindo uma queda de 17,3% nos imóveis residenciais.
O Banco Popular da China cortou as taxas de juros quatro vezes desde novembro e, na última ocasião, anunciada em 27 de junho, deixou-as no patamar mais baixo a fim de amortecer a desaceleração.
A instituição utilizará várias ferramentas de política monetária de maneira flexível para manter uma liquidez adequada e um crescimento razoável do crédito, disse o Banco Central na terça-feira.
Um fator que está manchando a perspectiva é a depressão do mercado acionário, que desencadeou uma resposta enérgica em matéria de política econômica.
A primeira impressão dos novos dados é de estabilidade, com sinais de restauração do impulso no começo do segundo semestre, escreveu Tom Orlik, economista-chefe da Bloomberg para a Ásia. Mas como o crescimento foi apoiado por ganhos do setor financeiro obtidos no mercado acionário, ele não vai se sustentar sem estímulos adicionais.
Brasil Econômico – SP