09/07/2015 às 05h00
Por Charles Clover | Financial Times, de Pequim
A Didi Kuaidi levantou US$ 2 bilhões em uma nova rodada de captação de recursos, que proporciona à maior companhia de aplicativo móvel de carona e transporte urbano da China um reforço de mais de US$ 3,5 bilhões para enfrentar o desafio do Uber. A captação foi iniciada há duas semanas e, segundo fontes, avaliou a Didi em perto de US$ 15 bilhões. A operação foi concluída justo no momento em que turbulências assolam o mercado de ações da China o que, segundo analistas, beneficia a Didi e pode complicar os esforços do Uber para acompanhála. O Uber, sediado nos Estados Unidos, está estabelecendo o Uber China, um negócio separado para o qual pretende captar US$ 1 bilhão em recursos, inclusive de investidores da China continental, segundo uma fonte a par da situação. Com a maior parte dos investimentos para bancar a “guerra dos aplicativos de táxi” entre a Didi e o Uber vindo da China, analistas acreditam que a queda do mercado de ações poderá dificultar a captação no futuro. O vencedor da guerra dos aplicativos de táxi poderá muito bem ser a companhia que gastar mais. “O dinheiro é a chave da sobrevivência”, diz Chibo Tang, da Gobi Partners, uma firma de capital de risco de Xangai. Ele acrescenta que as turbulências no mercado poderão prejudicar os esforços das duas companhias para a captação de recursos, especialmente o Uber. “Haverá problemas, agora que o mercado virou”, explica ele. “Aquele que conseguir levantar mais dinheiro deverá prevalecer”. O Uber continua otimista com sua capacidade de captar recursos. “Não podemos comentar números específicos, mas estamos sentindo um tremendo entusiasmo dos investidores, maior que o esperado”, informou ontem a companhia. O Uber avançou no mercado chinês, em grande parte, devido aos grandes subsídios concedidos aos motoristas chineses. A Didi, formada em fevereiro com a fusão das empresas criadoras dos principais aplicativos de carona da China, ainda detém a maior fatia do mercado, mas ela pode estar encolhendo rapidamente. A companhia vinha tentando captar algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, mas em razão do interesse dos investidores, o total foi aumentado. A Didi disse ontem que seus novos investidores incluem o Capital International Private Equity Fund e a Ping Na Ventures, que ficaram com as maiores alocações do negócio. Os acionistas já existentes, Alibaba, Tencent, Temasek e o fundo de hedge Coatue Management, também participaram da operação. A China Renaissance e o Credit Suisse aturam como consultores financeiros na captação, segundo fontes. Acreditase que a Alibaba e a Tencent detêm uma participação combinada de 23% na Didi, negócio que elas consideram um caminho valioso para conduzir os clientes para suas plataformas de pagamentos Alipay e Tenpay. Travis Kalanick, executivochefe do Uber, prometeu investir US$ 1 bilhão na China. Após a captação, as reservas de caixa da Didi aumentarão para mais de US$ 3,5 bilhões.
Valor Econômico – SP