Braço de atacado do GPA mantém foco em expansão orgânica e eficiência operacional, e fortalece aproximação com os clientes
Moacir Drska
mdrska@brasileconomico.com.br
Em meio à crise que afeta sem distinção diversos setores da economia, o comércio atacadista não dá sinais de que o salto de receita observado no setor nos últimos anos irá arrefecer.
Segundo estudo divulgado nesta semana pela Nielsen, as vendas dos segmento cash & carry, também conhecido como atacarejo, registraram aumento de 7,5% no acumulado de janeiro a abril, em relação a igual período de 2014.
Uma destas empresas, o Assaí Atacadista braço de atacado do Grupo Pão de Açúcar (GPA) tem pela frente o desafio de sustentar o ritmo de crescimento e, ao mesmo tempo, reduzir a distância para o líder Atacadão, do concorrente Grupo Carrefour.
Em 2014, nós crescemos 32%, enquanto o setor teve um salto de 16%. Para 2015, a projeção é de um alta de 25% a 30%, muito mais pelo efeito da comparação com essa base forte do ano passado, diz Belmiro Gomes, presidente do Assaí.
O grandemote do setor é o preço e este continua sendo o nosso foco. Mas vamos adicionar outros fatores a essa equação, afirma.
Com um plano de investimentos de R$ 1,35 bilhão anunciado pelo GPA para a sua divisão alimentar, o gancho principal é a expansão orgânica.
Após fechar 2014 com um total de 84 lojas e presença em 13 estados, a rede inaugurou outras três unidades no primeiro trimestre. No momento, são seis lojas em construção e o plano é encerrar o ano com 95 pontos no país e presença em 14 estados.
Nosso maior limitador não são os recursos, mas o tempo para a obter as aprovações e licenças, além da busca por terrenos adequados. A construção em si gira em torno de 100 dias, diz Gomes.
Os critérios dessa expansão estão seguindo duas vertentes em especial: as grandes metrópoles, nas quais a dificuldade de entrega da indústria é mais acentuada, e as regiões mais distantes dos centros de produção.
Nessa última frente, o Assaí investiu recentemente em municípios como Jequié (BA), Garanhuns (PE) e Sobral (CE).
O investimento em depósitos de apoio próximos às novas lojas em regiões mais distantes é outra ponta.
Estamos usando essas estruturas para absorver itens de giro baixo, que apresentam maior dificuldade de entrega dos fornecedores, mas que não podemos deixar de oferecer. Em termos de venda, esses itens representam 5% do sortimento, mas, em muitos casos, de 20% a 30%, afirma.
A reforma de lojas mais antigas para se adaptar a esse novo modelo também é uma prioridade.
Atualmente, sete unidades estão passando por esse processo e cerca de 40% da redejá seguem os novos padrões.
Além da adequação, esse redesenho tem como norte outros dois componentes: a busca por mais eficiência operacional e a adaptação ao crescimento do fluxo de consumidores finais no comércio atacadista.
Hoje, segundo Gomes, em algumas unidades, a receita está dividida igualmente entre estepúblico e os micro epequenos empreendedores.
No plano da redução de custos, o Assaí vem investindo em automatização dos processos no chão de loja e na renovação dos equipamentos elétricos.
O aumento do custo de energia veio como um duro golpe para o comércio. Em algumas regiões, o custo cresceu 53% e hoje, essa é a nossa segunda despesa, atrás apenas das despesas com recursos humanos, diz.
Já para reduzir uma eventual rejeição do consumidor final ao modelo do atacado, a ambientação das lojas é prioridade, por meio de recursos como ar-condicionado nas unidades, estacionamentos cobertos e renovação de checkouts, além da aceitação de pagamentos por cartões de crédito.
Na receita para ganhar mercado, a ideia é também fortalecer o relacionamento com os micro e pequenos empreendedores.
O lançamento de um aplicativo pelo qual os clientes conseguem identificar lojas mais próximas e ofertas disponíveis é um dos passos nessa direção.
Em um mês, o aplicativo teve sete mil downloads.
Estamos testando novos canais e a possibilidade de oferta de serviços diferenciados para nos aproximar do nosso público, afirma.
O foco em marcas exclusivas também integra a estratégia.
Em detrimento das marcas próprias, que já chegaram a somar 600 itens na rede, o Assaí está apostando em produtos específicos, geralmente importados, e que não concorrem com seus parceiros e fornecedores.
Recentemente, a empresa lançou a marca Chef sob essa orientação.
Em uma última frente, Gomes não descarta aquisições para acelerar o processo de expansão.
Essa não é nossa prioridade, mas desde que o acordo faça sentido, vamos avaliar, afirma.
Brasil Econômico – SP