Evan Greenberg acaba de promover um “upgrade” na área de fusões e aquisições. O principal executivo da seguradora Ace anunciou ter fechado um acordo de US$ 28 bilhões em dinheiro e ações pela concorrente Chubb. Essa é a maior aquisição no setor desde o pacote de socorro financeiro de 2008 concedido pelo governo americano à American International Group (AIG), a colosso do setor de seguros anteriormente chefiada pelo pai de Greenberg, Hank.
Após o trimestre de maior movimento do segmento de seguros na área de fusões e aquisições do último período de pelo menos 12 anos, a magnitude dessa mais recente tomada de controle deverá instaurar uma “febre de fusões e aquisições” ainda maior em todo o setor, segundo Cliff Gallant, da Nomura Holdings. Papéis de seguradoras que vão desde a W.R. Berkley até o Hartford Financial Services Group subiram com a notícia, em meio a especulações de tomadas de controle.
O ganho de escala por meio de aquisições é decisivo para seguradoras às voltas com a queda das apólices e com a redução da lucratividade. Grande número de resseguradoras vêm se fundindo e a corretora de seguros Willis Group acaba de fechar uma transação de mais de US$ 8 bilhões pela consultoria Towers Watson & Co. Atualmente as seguradoras de imóveis e contra acidentes também estão se envolvendo intensamente em fusões e aquisições.
“As equipes de direção de toda grande seguradora de imóveis e contra acidentes conversam atualmente sobre se deveriam se tornar compradoras mais dinâmicas”, disse Paul Newsome, do banco de investimentos Sandler O’Neill & Partners. “[As companhias em questão] são duas empresas bem administradas que provavelmente poderiam se sair muito bem sozinhas, mas estão tentando construir uma coisa ainda maior.”
As ações da Ace chegaram a subir 9% com a notícia. O negócio pode encorajar outros concorrentes a examinar a possibilidade de fazer aquisições, disse Josh Stirling, da Sanford C. Bernstein.
Embora a Ace esteja oferecendo um prêmio superior à média na compra da Chubb, sua oferta de compra avalia a provedora de cobertura para mansões e iates em cerca de 1,7 vez o valor contábil. O fator é inferior ao normalmente atribuído a empresas de alta qualidade no setor, segundo Newson, da Sandler O’Neill. Pode ser recomendável às empresas que pretendem ser adquiridas levá-lo em consideração, em vez de esperar por um preço muito elevado. Isso é principalmente verdade para o caso de seguradoras de menor porte, que poderão enfrentar maior pressão com o crescimento ainda maior das líderes do mercado.
“[A aquisição], de fato, reduz as expectativas das vendedoras em torno do valor que podem obter”, disse Newson. “Eu talvez tenha de reavaliar os valores que tenho esperado, pois nunca vou conseguir esse grande múltiplo de preço sobre valor contábil. Se uma casa muito elogiada, bem conceituada obtém 1,7 vez o valor contábil, quanto conseguiria obter uma empresa de valor de mercado médio, que carece de escala e está enfrentando dificuldades?”
A AIG, a Allstate e a Travelers estão entre as seguradoras passíveis de tentar uma grande aquisição. As ações de suas congêneres de menor porte da área de seguro imobiliário e contra acidentes dispararam diante das especulações de que possam se tornar alvos.
Os papéis da W.R. Berkley e do Arch Capital Group registraram sua maior alta diária desde 2012, enquanto os do XL Group deram o maior salto desde julho passado, e os da Cincinnati Financial contabilizaram a maior valorização desde dezembro. Todas são avaliadas a níveis inferiores a US$ 15 bilhões. A Hartford Financial, com um valor de mercado de US$ 18 bilhões, viu suas ações dispararem 5,9%.
Valor Econômico – SP