10/06/2015 Léa De Luca Banco confirmou ontem que vai vender também sua operação na Turquia; aqui manterá atendimento só para 300 clientes corporate O presidente global do HSBC, Stuart Gulliver, confirmou ontem, em conferência com investidores em Londres, que vai vender a operação no Brasil e na Turquia. Aqui, porém, Gulliver informou que vai manter uma modesta operação de corporate banking para cerca de 300 clientes que têm necessidades internacionais. No ano passado, o HSBC Brasil reportou prejuízo acima de R$ 500 milhões. A saída do país está prevista para ser concluída até o final de 2016. Outra razão apontada para a venda do Brasil é que o banco aqui tem em ativos apenas pouco mais de US$ 60 bilhões, o que é seis vezes menos do que tem a Caixa Econômica Federal, o terceiro colocado no ranking. A situação na Turquia é semelhante: está em 12º no ranking e precisaria crescer mais de seis vezes para atingir o terceiro lugar. A comparação indica claramente que o banco não vê vantagens em estar fora dos três maiores onde atua. Além disso, o HSBC decidiu apostar em regiões com grande conectividade global, como os países da Ásia. O HSBC está empenhado em garantir a continuidade do negócio e uma transição suave e coordenada para um potencial comprador, informou o banco em nota. HSBC Brasil é parte da HSBC Holdings,com US$ 2,6 trilhões em ativos e mais de 51 milhões de clientes em 73 países. As vendas de Brasil e Turquia vão ser responsáveis por metade dos 50 mil cortes de funcionários previstos pelo banco até 2017. Sair dos dois países é parte de um plano apresentado ontem, com 10 pontos, que tem como principal objetivo devolver ao banco uma rentabilidade acima de 10% ao ano no ano passado, o banco obteve retorno de 7,3%. Gulliver também informou que desistiu de encerrar os negócios também no México e nos Estados Unidos. O executivo não revelou quanto pretende levantar com as vendas. Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o preço da unidade brasileira deve sair por volta de 1,5 vez o valor patrimonial do HSBC, que em dezembro estava em R$ 9,7 bilhões. Na apresentação de ontem, Gulliver disse apenas que com a venda das duas unidades iria reduzir os ativos ponderados pelo risco em US$ 17 bilhões, o que ajudaria a evitar aportes adicionais de capital segundo as regras do novo acordo de Basileia. No total, o banco pretende reduzir seus ativos em US$ 290 bilhões até 2017. Entre os bancos interessados no HSBC Brasil, os dois mais cotados seriam Santander e Bradesco, conforme fontes. A compra do HSBC Brasil pelo Bradesco o levaria ao terceiro lugar do ranking por ativos no país. O Bradesco perdeu o posto de maior banco privado (e segundo no ranking geral) para o Itaú em 2007. A soma de Bradesco e HSBC resultaria em R$ 1,051 trilhão, abaixo dos R$ 1,117 trilhão do Itaú. No entanto, o Bradesco praticamente encostaria na Caixa que tinha R$ 1,064 trilhão. Para o Santander, terceiro maior banco privado no Brasil, a compra representaria ativos totais de R$ 766,2 bilhões, o que o deixaria ainda distante do Bradesco. Como o banco está em busca de aumentar sua rentabilidade no Brasil o que significa investir o capital em ativos que rendam mais receitas a opção pode ser interessante. Tanto o presidente do Santander Brasil, Jesús Zabalza, quanto o diretor de relações com investidores do Bradesco, Luiz Angelloti, já disseram que analisam a oportunidade. Segundo uma fonte do mercado que preferiu não se identificar, depois do HSBC o próximo a sair do varejo no Brasil deve ser o Citi.
Brasil Econômico – SP