No Seminário Investimentos NOVAREJO, estudo exclusivo traz quadro da governança corporativa no setor
A governança corporativa evoluiu bastante no varejo nos últimos anos, mas o setor ainda precisa evoluir para alcançar o estágio das empresas listadas em Bolsa. A conclusão é de Sidney Ito, sócio-líder da área de risk consulting da KPMG no Brasil e América do Sul. Boas práticas de governança são importantes para que as empresas gerem mais resultados, e a consciência da necessidade de contar com essas boas práticas está crescendo no setor, afirma.
A KPMG realizou, em parceria com o ACI Institute e o Grupo Padrão, a pesquisa Governança Corporativa em Empresas de Varejo, apresentada na manhã desta sexta-feira (15/05) no Seminário Investimentos NOVAREJO, em São Paulo. A sondagem contou com respostas de cerca de 50 varejistas, tanto de capital aberto quanto fechado, que já desenvolveram práticas de governança. A pesquisa estabelece, de certa forma, um quadro das melhores ações de governança no varejo brasileiro e serve como referência para avaliar em que ponto o setor está, analisa Ito.
Os números mostram evolução das práticas de gestão e governança, mas também revelam que é possível ir além. Na média, os Conselhos de Administração das empresas de varejo têm 6,4 membros, contra 7,5 das 250 maiores empresas listadas em Bolsa (segundo o relatório A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais, publicado pelo ACI Institute). Em quatro de cada cinco empresas de varejo, existem relações familiares entre os Conselheiros ou entre eles e os diretores, em um claro sinal de que as empresas com controle familiar ainda têm o dono ou seus herdeiros cuidando do dia a dia do negócio. Nas empresas listadas em Bolsa esse número é de 51%, pois há um movimento mais consistente em que a família controladora deixa a gestão do negócio nas mãos de profissionais. No varejo esse processo é bem mais recente, comenta o consultor.
Outro aspecto que diferencia o varejo e a média das empresas listadas em Bolsa no Brasil é o uso de comitês no Conselho de Administração. Os comitês são usados para discutir assuntos específicos, que demandam uma atenção especial do Conselho, explica Ito. No varejo brasileiro, os comitês mais presentes são os de Finanças (38% dos respondentes), RH (35%) e Riscos (27%). Entre as maiores empresas listadas em Bolsa, esses percentuais são, respectivamente, de 24%, 23% e 19%. Trata-se de questões mais maduras nas empresas de capital aberto, afirma.
Por outro lado, apenas 27% das varejistas contam com comitês de auditoria, contra 44% das empresas em Bolsa. Questões regulatórias explicam a presença mais constante de comitês de auditoria nas empresas abertas. Já as empresas familiares usam menos essa ferramenta porque a família está de olho no negócio o tempo todo e não julga tão necessário ter um apoio extra, conclui.
Revista No Varejo on-line – SP